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São Bernardo faz o mapa do abuso sexual
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
17/05/2004 | 21:55
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São Bernardo começou a diagnosticar o perfil da criança e do adolescente que sofre violência sexual na cidade. Uma pesquisa qualiquantitativa, inédita no Grande ABC e realizada pela Fundação Criança, autarquia municipal, e pelo Cepesp (Centro de Pesquisa e Prevenção em Políticas Sociais), mostrou que o sexo feminino continua sendo a principal vítima, com 81%, contra 18% no masculino – 1% está como “não consta” no estudo. Os dados revelam ainda que o abuso começa entre zero e 2 anos, com 2%. No entanto, a incidência é maior nas adolescentes de 13 a 15 anos. O levantamento foi apresentado nesta segunda à tarde, na Faculdade de Direito de São Bernardo, durante encontro que discutiu o tema.

Em uma primeira fase, a abordagem investigativa de como funciona a exploração sexual atingiu os bairros do Centro, Rudge Ramos e Ferrazópolis. “As regiões foram priorizadas porque apresentam uma maior incidência”, afirmou o psicólogo Marcelo Moreira Neumann, presidente da Cepesp e ex-coordenador do Crami (Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância).

Na seqüência, os seis pesquisadores, todos com perfil adequado e jovens – têm entre 21 e 26 anos –, vão percorrer o Taboão e o Riacho Grande. Até julho, a pesquisa deve ser concluída.

O levantamento tem por objetivo, segundo Heloisa Helena Daniel, presidente da Fundação Criança, mapear no município quais ações de enfrentamento serão desenvolvidas. Os dados, porém, foram coletados de entidades da cidade que recebem e trabalham com essa população: Fundação Criança, Crami, Conselhos Tutelares, Delegacia de Defesa da Mulher e Secretaria Municipal de Saúde. Dessa forma, foram levantados 182 casos atendidos pela rede de proteção à criança e ao adolescente em São Bernardo. “Uma mesma criança pode ter passado por vários serviços”, explicou Heloisa.

Perfil – A pesquisa mostrou ainda que 23% das vítimas mulheres estão na faixa etária de 10 a 12 anos. “O dado é preocupante”, afirmou a presidente da Fundação Criança. Para Neumann, as ações preventivas nas escolas são fundamentais. Quanto à escolaridade da criança e do adolescente que sofre o abuso sexual, 37% têm o ensino fundamental incompleto.

O homem lidera com 88% como principal agressor – 5% são mulheres. Com 19%, eles têm entre 19 a 30 anos. O pai biológico lidera com 22%, seguido do padrasto (17%) e do tio (13%) da vítima. O tipo de violência varia de atos libidinosos (24%) a atentado violento ao pudor (23%), seguido de estupro (20%) e sexual (14%), entre outros (prostituição, assédio, tráfico, pornografia e voyerismo).

Os pesquisadores constataram em campo que, nas regiões pesquisadas, o Centro apresentou maior consumo de álcool e drogas por adolescentes. No Ferrazópolis, além do álcool, dois outros itens chamaram a atenção: prostituição juvenil (meninas) e adulta (mulheres e travestis). Finalmente, no bairro do Rudge Ramos registrou-se prostituição feminina e alguns pontos de consumo de álcool por adolescentes.




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