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Queixas crescem e ANS pressiona o Saúde ABC
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
09/08/2005 | 08:15
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A ANS (Agência Nacional de Saúde) deve decretar nova direção fiscal contra o Grupo Saúde ABC, com sede na região. O argumento para a fiscalização é a chuva de reclamações registradas pela rede credenciada e os usuários do convênio por problemas no atendimento. As clínicas reclamam o não-cumprimento do pagamento. Sem receber, os estabelecimentos têm suspendido o atendimento. Quem perde com isso são os consumidores que mantêm contrato de saúde com a empresa. Atualmente, o grupo administra 250 mil contratos de saúde no Grande ABC e na capital.

Por questões políticas e estratégicas, a agência regulamentadora não informa quando a direção fiscal será decretada. No entanto, as estatísticas de reclamações publicadas mensalmente pela ANS mostram que o Saúde ABC lidera o ranking de queixas no grupo de convênios com mais de 50 mil associados desde o início do ano. Somente em um mês a empresa saiu da liderança. Foi ultrapassada pela Interclínicas. Ocorre, porém, que a carteira de clientes e a rede credenciada da Interclínicas também são administradas pela empresa do Grande ABC. No balanço de junho, último divulgado pela ANS, a empresa foi líder com 50 reclamações.

Comenta-se no setor de saúde privada que a direção fiscal deve ser imposta ao Saúde ABC ainda nesta semana. Profissionais do setor contam que o presidente do Saúde ABC, Ricardo Silveira de Paula, chegou a ser intimado pela agência a prestar esclarecimentos por duas vezes, mas não compareceu às audiências. Por conta da falta de clareza nas informações, a agência deve inclusive anunciar multas. O valor diário por credor deve girar em torno de R$ 50 mil.

Nos bastidores da agência, comenta-se que as dívidas do Saúde ABC junto aos credores são altíssimas. A suspensão do atendimento por parte da rede credenciada já resultou até em ações na Justiça. No Grande ABC, por exemplo, um usuário portador de câncer impetrou no Juizado Especial Civil de Santo André pedido de liminar para forçar o convênio a garantir sessões de radioterapia em uma clínica onde sempre se tratou, mas que não quis manter o tratamento alegando falta de pagamento por parte do convênio. A Justiça acatou o pedido do consumidor.

Procurada pela reportagem, a empresa de saúde afirmou que ainda não foi informada oficialmente sobre a possibilidade até o momento. Em quatro anos, esta será a terceira vez que a ANS decreta auditoria no Saúde ABC. Em setembro de 2003, fiscalização de caráter técnico foi realizada por conta da dificuldade de acesso às informações sobre a rede credenciada. Na ocasião, a agência propôs medidas de correção no atendimento ao público que, agora, devem ser reavaliadas.

De dezembro de 2001 a junho de 2002, a operadora passou por inspeção fiscal financeira também por conta de denúncias registradas pela rede credenciada. Apesar dos impasses, nos últimos cinco anos, a empresa já abraçou outras carteiras de saúde como Transmontano, Interclínicas e São Camilo.

Desde o início deste ano, seis hospitais da região metropolitana romperam contrato de prestação de serviços com a empresa por conta da crise instalada na administração do Saúde ABC. São os hospitais do Coração, Sírio Libanês, São Luiz, Samaritano, Albert Eisnten e Nove de Julho. O laboratório Fleury e o Incor também suspenderam o atendimento.




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