Cultura & Lazer Titulo Cinema
Bertolucci: entre clássicos e polêmicas

Mestre italiano do cinema, diretor Bernardo Bertolucci morre aos 77 anos, em Roma

Por Caroline Manchini
27/11/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


O cineasta, escritor e produtor italiano Bernardo Bertolucci morreu ontem em Roma, na Itália, aos 77 anos. Considerado um dos grandes diretores da história, ficou conhecido por filmes como o oscarizado O Último Imperador (1987) e o drama erótico O Último Tango em Paris (1972). Segundo a emissora italiana RAI, o artista faleceu em sua própria casa, rodeado por familiares. Apesar de conviver com complicações de câncer, a causa da morte ainda não havia sido confirmada até o fechamento desta edição. Ele era casado com a também cineasta Clare Peploe.

Considerado um dos últimos mestres da sétima arte, Bertolucci nasceu em Parma, Norte da Itália, em 16 de março de 1941. Começou a carreira artística como poeta e só aos 20 anos migrou para o cinema. Seu primeiro trabalho foi Accattone – Desajuste Social (1961), ao lado do diretor Pier Paolo Pasolini (1922-1975), a quem ajudou como assistente. Um ano depois, já dava os primeiros passos para construir sua própria identidade nas telas, que mais tarde ficaria conhecida pelas abordagens de cunhos erótico, ideológico, político e psicológico.

O início da popularização de sua jornada se deu em 1970 com uma de suas maiores obras, O Conformista, que trata a questão e normalização do movimento fascista na Itália, comandado por Benito Mussolini (1883-1945) durante a Segunda Guerra Mundial. O filme foi premiado no Festival de Berlim (Alemanha) e indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado.

O sucesso veio com o polêmico O Último Tango em Paris (1972), em que, em momento de sodomia conhecida como “a cena da manteiga”, Marlon Brando (1924-2004) violenta sexualmente a atriz Maria Schneider (1952-2011). O cineasta comentou o assunto em entrevista à cinemateca francesa em 2013 e, apesar de reconhecer que a sequência não foi combinada com Maria e que sentia-se “culpado”, Bertolucci disse que não estava arrependido.“Queria sua reação como menina, não como atriz. Não queria que Maria interpretasse sua humilhação e sua raiva, queria que sentisse. Os gritos… ‘Não, não!’”, comentou.

“Bertolucci foi grande mestre para os amantes de cinema. Polêmico por alguns trabalhos, mas um grande artista”, avalia o cineasta Milton Santos Junior, de São Bernardo. “Apesar de escandaloso, O Último Tango em Paris deixa belo exemplo de como fazer filmes. É uma perda para a arte de contar histórias.” O artista local lembra que a primeira vez que teve contato com uma obra do italiano foi em sessão do western Era Uma Vez no Oeste (1968), ao qual assina com a história e que tem direção de Sergio Leone (1929-1989).

A consagração profissional veio com O Último Imperador (1987), vencedor de nove Oscar e que lhe rendeu as estatuetas de melhor diretor e de melhor roteiro adaptado na cerimônia de 1988. Entre seus trabalhos mais recentes, destaque para Os Sonhadores (2003). O último trabalho foi o longa Eu e Você (2012). 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;