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Casa Branca está na mira de criminosos em Santo André
Bia Moço
Especial para o Diário
13/10/2017 | 07:00
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O baixo efetivo da Polícia Militar e mesmo da GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André é o responsável pela falta de segurança no bairro Casa Branca, na região central, na avaliação de moradores que hoje têm receio de sair às ruas, principalmente à noite. Segundo pessoas ouvidas pela equipe do Diário, são frequentes casos de furtos e roubos, o último ocorrido na Rua 24 de Fevereiro – no dia 20 de setembro –, quando criminosos atacaram moradores de um condomínio.

Os momentos de pânico em frente ao prédio começaram por volta das 20h30, quando dois homens armados roubaram um carro e atacaram outros dois motoristas que estavam na rua, o que resultou em arrastão. Uma das vítimas invadiu a garagem do condomínio com o carro e por pouco não destruiu o portão, com medo de que não tivesse tempo de retirar seu sobrinho, de 3 anos, do veículo.

O empresário Ebert Sales de Oliveira, 32, havia acabado de parar na rua para pegar um amigo quando percebeu que dois homens se aproximavam, armados, por trás de uma árvore. Um deles bateu no vidro e anunciou o assalto. Oliveira saiu do carro com a chave nas mãos e foi atingido na cabeça com a parte traseira da arma. Um dos homens pediu a chave, o empresário a jogou e, ainda atordoado com a pancada, correu e se escondeu. “Foi tudo muito rápido. Perdi tudo. Estava indo viajar a trabalho, e no carro tinha dois celulares, notebook, tablet e roupas. Levei um prejuízo de uns R$30 mil”, relatou Oliveira.

Não foi diferente com a moradora de uma vila do bairro. A aposentada Ivone Ione Novelli Simões da Silva, 73, tem medo de sair de casa até hoje, apesar de já se terem passado dois anos desde que saiu para ir à feira e, na volta, ter encontrado a casa completamente revirada. “Arrombaram o portão e levaram tudo. Além de TVs e aparelhos domésticos, pegaram todas as minhas joias, que colecionava desde menina. Algumas ganhei aos 15 anos, presentes dos meus pais, avós, depois do marido. Até hoje é difícil lembrar daquele dia.”

A aposentada explica que desde menina mora no bairro, e nunca viu tanto problema com roubos e furtos como nos últimos tempos. E não entende por qual motivo não se vê polícia ali pelas ruas. “Ainda não me conformo, não quero sair de casa, fico com medo de tudo. Fiquei muito traumatizada. Quando preciso sair mesmo, olho bem, tranco tudo, inclusive trocamos todas as fechaduras e reforçamos todas as travas. Percebo que em uma vila que quase não tinha movimento, vive passando molecada de moto, e isso tem nos assustado muito.”

A equipe de reportagem do Diário ouviu outros moradores da vila, e duas outras casas já foram invadidas. A última, em fevereiro, deixou a vizinhança apavorada por conta do barulho. Em todas as casas a segurança foi reforçada com travas e trancas, mas chegar e sair ainda é uma questão que provoca medo. Boa parte dos moradores está ali há muito tempo, e não sai da vila pelo valor histórico, mas a maioria já pensou em vender o imóvel para buscar segurança em um apartamento.

O medo também toma conta de empresários e funcionários do comércio, que preferem não se identificar. Todos reclamam da falta de segurança e de assaltos frequentes.

Uma ferramentaria foi assaltada ao menos três vezes, todas à luz do dia, em frente às câmeras de segurança da empresa. O ferramenteiro Mauro Faneco, 52, contou que em todas as vezes a cena foi igual: dois sujeitos armados entraram e anunciaram o assalto, mandando todo mundo ficar no chão. “Aí pedem chave das motos, carros, nossos pertences. O pior é que eles vêm de carro, prontos para levar. Mas segurança aqui não existe, não vale nada. O bairro Casa Branca não tem segurança.”

Falta de registros dificulta ação policial

Para o delegado titular do 1° DP (Centro) de Santo André, José Rosa Incerpi, boa parte das pessoas não registra a ocorrência, pois não tem nada que “salte aos olhos” ao bairro com relação à falta de segurança. “Se houvesse muitos registros o olhar seria diferente, mas não há muitos crimes documentados. A PM (Polícia Militar) trabalha principalmente em cima dos boletins de ocorrência, ou seja, onde tem mais ocorrência, há mais policiamento na área.”

Incerpi explica que há um bom efetivo policial, mas que, obviamente, não é possível deixar um policial em cada esquina. Sendo assim, o delegado frisa que as pessoas também têm de zelar pelo próprio patrimônio. “Precisam cooperar. A Segurança pública não é só responsabilidade de policiais, mas de toda a população. Todos participam. Hoje em dia facilitam muito os furtos, principalmente de celular. As pessoas pegaram o costume de andar com o aparelho na mão, e isso facilita muito. Depois não fazem o boletim porque era só um celular.”

Ele salienta que não houve reclamações de que explodiu a criminalidade no bairro, e que eventualmente recebem casos. “Eu oriento as pessoas a registrarem a ocorrência. Algumas falam que demora, mas a maioria dá para fazer pela internet. Assim facilita para todo mundo.”

A Prefeitura de Santo André esclareceu, em nota, que a GCM realiza rondas diárias no bairro, por meio da ROMU (Ronda Ostensiva Municipal), ROMO (Ronda com Motocicletas) e ronda setorial. “Como consequência, nos deslocamentos aos postos, também efetuamos rondas preventivas, o que dá auxilio à Segurança pública. Por meio da Operação Delegada Municipal, que promove ações pontuais e programadas, as demandas do município são compiladas e as regiões analisadas, atendidas pelo procedimento. Vale frisar que esta operação contemplará o bairro.” Questionada, a PM (Polícia Militar) não retornou até o fechamento desta edição.

Nota da Secretaria de Segurança Pública

Em atenção à reportagem “Casa Branca está na mira de criminosos em Santo André” , a Polícia Militar informa que mantém uma base comunitária nas proximidades do bairro o qual também é atendido pela 1ª cia do 41º BPM/M. De janeiro a agosto deste ano, comparando-se ao mesmo período do ano passado, houve redução de 12% no número de roubos de veículos e de 4% no número de roubos gerais, o que demonstra a atuação da PM na região. As reclamações dos moradores serão analisadas para o redirecionamento do patrulhamento. Cabe ressaltar que o reforço no efetivo policial não tem sido negligenciado por parte do Governo do Estado que, somente este ano, enviou 40 novos policiais militares ao 41º BPM/I.




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