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Crise e dívidas interferem em avaliação dos prefeitos

Instituto Paraná Pesquisas indica que há paridade entre aprovação e rejeição; Morando é o melhor e Lauro, o pior

Raphael Rocha
do Diário do Grande ABC
08/10/2017 | 07:07
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A herança de dívidas e o consequente adiamento da implementação efetiva do plano de governos já trazem impactos às avaliações dos prefeitos no Grande ABC. Levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas em quatro das sete cidades da região mostra que está praticamente igual o percentual de contentes e descontentes com as administrações em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema.

Dos quatro municípios avaliados, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), conquista a maior simpatia da população – 53,7% dos entrevistados aprovam sua gestão, enquanto 41,9% reprovam. Lauro Michels (PV), de Diadema, está na parte oposta, com 49,8% de rejeição e 43,5% de aceitação, mesmo assim em empate técnico, já que a sondagem em Diadema possui 4,5 pontos percentuais de margem de erro.

A atuação de Paulo Serra (PSDB), de Santo André, e de José Auricchio Júnior (PSDB), de São Caetano, divide as opiniões em suas respectivas cidades. O tucano andreense registrou 48,3% de elogios ante 47,9% de críticas – empate técnico na margem de erro, de 3,5 pontos percentuais.

Já Auricchio, que parte para o terceiro mandato, conquistou 46,1% de aprovação contra 49,2% de rejeição – a margem de erro em São Caetano é de 4,5 pontos percentuais, portanto, configurando igualdade técnica.

“A luz amarela foi ligada para todos. Claro que há grave problema financeiro nessas cidades. Esses prefeitos herdaram prefeituras quebradas e com grande rombo no caixa. Sem criatividade, haverá complicação no futuro”, opinou o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Em janeiro, o Diário mostrou que os atuais chefes de Executivo do Grande ABC (contando Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) herdaram R$ 719,8 milhões em restos a pagar – valores sem quitação de contratos de curto prazo com fornecedores. A dívida consolidada (de longo prazo e sentenças judiciais) da região alcança R$ 4,29 bilhões. O orçamento regional é de R$ 12,5 bilhões.

Na comparação com o primeiro levantamento do Instituto Paraná Pesquisas na região, divulgado em maio, é notório o impacto dos problemas financeiros e administrativos na avaliação dos prefeitos.

Em maio, Paulo Serra era aprovado por 61,2% e reprovado por outros 34,5%. Morando tinha governo aceito por 59,6% e rejeitado por 35,7%. O trabalho de Auricchio era aplaudido por 51,6% e criticado por 43,6%. Já a atuação de Lauro era elogiada por 43,8% e questionada por 51,3%. Ou seja, em cinco meses o índice de aprovação dos prefeitos recuou. O de rejeição só não cresceu em Diadema.

Em maio, o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), foi avaliado. Desta vez a qualidade de seu governo não foi mensurada.

Ao todo, o Instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.730 pessoas nas quatro cidades da região – 810 em Santo André, 890 em São Bernardo, 510 em São Caetano e 520 em Diadema. A margem de erro varia de 3,5 pontos percentuais (Santo André e São Bernardo) a 4,5 pontos percentuais (São Caetano e Diadema). As entrevistas foram realizadas entre os dias 26 de setembro e 2 de outubro.<EM>

OUTROS ÍNDICES
No estrato esmiuçado, Paulo Serra teve 4,6% de citações de ótimo, 25,8% de bom, 27% de regular, 19,9% de ruim e 20% de péssimo. Outros 2,6% não souberam responder ou não opinaram.

Em São Bernardo, Morando teve governo considerado ótimo por 5,9%, bom para 30,4%, 31,2% de regular, 14,9% de ruim e 15,8% de péssimo. Outro 1,8% não opinou ou não respondeu.

Já em São Caetano, a terceira gestão Auricchio é avaliada como ótima por 6,1% dos entrevistados, como boa por 24,3%, como regular por 27,8%, como ruim por 17,1% e como péssima por 22,2%. Outros 2,5% não souberam ou optaram por não responder.

O mandato de Lauro Michels, por sua vez, foi apontado como ótimo por 1,7%, como bom por 21,9%, como regular por 40,4%, como ruim por 14% e como péssimo por 19,2%. Outros 2,9% não quiseram se posicionar.

Políticos esperam melhora em 2018

Prefeitos de Santo André e de São Bernardo, Paulo Serra (PSDB) e Orlando Morando (PSDB) acreditam que os números tendem a melhorar no próximo ano, quando terão orçamento definido já por suas gestões e também com o equacionamento dos passivos a curto prazo.

Paulo Serra pontuou que o momento é de reconstrução da cidade após ter herdado Prefeitura, principalmente do ponto de vista financeiro e administrativo, com problemas severos. Segundo o tucano, a situação do País também se reflete nos números.

“A população tem razão de não estar satisfeita em sua plenitude, e nós também não estamos”. Por outro lado, ele vê a conjuntura futura com otimismo. O chefe do Executivo andreense alegou que os efeitos do planejamento e das medidas adotadas até agora no governo serão sentidas no ano que vem. “Apesar da crise e das dificuldades, fico satisfeito, pois os números mostram que recuperamos a esperança nas pessoas por dias melhores. Voltamos a plantar e os frutos serão colhidos com mais intensidade a partir de 2018.”

Para Morando, os números mostram que a preferência por seu projeto vista na eleição ainda se mantém. “Não tive prejuízo do período eleitoral, já que quase 60% dos são-bernardenses votaram em mim (no segundo turno, em votos válidos). Também tenho mais da metade de avaliação positiva. Mas é um caminho longo. Há muito para se melhorar”, consentiu o tucano.

O chefe do Executivo de São Bernardo avaliou que muitos projetos que não puderam sair do papel neste primeiro ano devem ser realidade no futuro. “Não terei a dívida que me deixaram, para começo de conversa. Mesmo assim o são-bernardense tem visto o quanto estamos cortando em gastos públicos e o quanto isso prejudicou o que tínhamos programado de investimento.”

Prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB) preferiu se manifestar somente após a publicação da pesquisa. O chefe do Executivo de Diadema, Lauro Michels (PV), não retornou aos contatos da equipe do Diário. <TL>RR
 




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