Setecidades Titulo Defesa Civil
São Bernardo inicia
obras em encostas

A prefeitura investirá R$ 23 milhões na construção de muros
de contenção e serviços de drenagem para beneficiar famílias

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
05/11/2011 | 07:00
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São Bernardo deu início a 26 obras de contenção de encostas em 12 áreas de risco no município. A medida faz parte do PAC Encostas, programa do governo federal, e prevê construção de muros de arrimo e serviços de drenagem para beneficiar 3.552 famílias. Com investimento de R$ 23 milhões, sendo 10% de recursos municipais, o projeto tem como princípio garantir a segurança das famílias de assentamentos precários sem que precisem deixar o local.

Cerca de 16.525 famílias estão instaladas nos seguintes setores de risco beneficiados: Vila São Pedro, Biquinha, Pedreira, Golden Park, Vila Esperança, Jardim Floral, Jardim Cantareira, Jardim São Jorge, Parque Bandeirantes, Jardim João de Barro, Parque Imigrantes e Jardim Jussara.

São Bernardo foi o primeiro município do Brasil a apresentar projetos e a receber liberação de verba para o PAC Encostas, lançado em janeiro no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento 2. "São obras de contenção e drenagem para garantir segurança dessas encostas sem precisar remover essas moradias", comenta a secretária de Habitação de São Bernardo, Tássia Regino de Menezes.

MORADIA

A solenidade ocorrida ontem à tarde também marcou a entrega de 200 das 540 unidades habitacionais previstas no Conjunto Habitacional Nova Silvina para famílias do núcleo Naval e mais 80 dos 532 apartamentos contratados no Conjunto Habitacional Jardim Silvina, para famílias que moravam no Oleoduto.

O projeto do Conjunto Habitacional Nova Silvina teve início em 2010 e recebeu investimento de R$ 39 milhões, sendo R$ 16,27 milhões do governo federal e R$ 22,57 milhões do município. As obras foram divididas em três etapas, sendo que a conclusão está prevista para junho de 2012.

A obra do Conjunto Habitacional Jardim Silvina contempla construção de 532 apartamentos, centro comercial, recuperação ambiental, regularização fundiária e trabalho social. O contrato tem valor de R$ 56,26 milhões, sendo R$ 19,81 milhões repasse do governo federal e contrapartida municipal de R$ 36,44 milhões.

Maior tragédia no Jd.Silvina teve oito mortes

O ano de 2005 marcou o bairro de São Bernardo com uma tragédia que teve saldo de oito mortes, sendo sete crianças. Depois de chover durante a madrugada inteira do dia 12 de janeiro, avalanche de terra despencou sobre dois barracos que estavam pendurados no alto de uma encosta com aproximadamente 30 metros.

Nas casas moravam dez pessoas de duas famílias. Apenas duas sobreviveram. A primeira a ser resgatada foi a dona de casa Maurícia Souza Santos. Dentro de sua residência, ficaram quatro filhos. Todos morreram.

Maurícia dormia na cama de casal, ao lado de duas filhas – Roseane, 11 anos, e Joseane, 6 –, quando a terra começou a descer. Ela acordou e saiu do barraco. Nesse momento, foi atingida pela terra que deslizava da encosta. Maurícia foi levada pela lama até o pé do morro, onde foi resgatada por vizinhos. Os outros filhos, Rai, 10, e Jair, 8, morreram soterrados.

Sob a terra também faleceram Maria Cláudia Estrela de Oliveira, 23, e seus três filhos: Damiana, 6, Wildenberg, 2, e Wigna, 10 meses. Na época, pelo menos 80 famílias tiveram de deixar suas casas.

HISTÓRIA QUE SE REPETE

Em novembro de 1992, deslizamento de terra matou uma mulher de 35 anos e sua sobrinha, um bebê de apenas 3 meses. A terra desbarrancou de altura de aproximadamente 100 metros e caiu sobre barraco de quatro cômodos. A auxiliar de limpeza Maria Julia Laurentino da Silva e a pequena Jéssica Maria morreram na hora. (Angela Martins)

Moradores estavam em aluguel-social há quatro anos

Passaram-se quatro anos da data em que a auxiliar de limpeza Silvana Ramos do Nascimento, 32 anos, foi desalojada do barraco onde morava na favela Naval, em São Bernardo, para viver em casa alugada com dinheiro do programa Renda Abrigo. Ontem, ela foi conhecer o local onde passará a morar com os três filhos. “Nem se compara ao barraco onde a gente morava. Era rato para todos os lados, esgoto e mau cheiro”, conta.

Outra que comemora a nova moradia é a dona de casa Alice da Conceição, 67. A aposentada foi desalojada há um ano e meio do Oleoduto, onde vivia sozinha. “Morei por 20 anos naquele sofrimento. Teve dia de a água correr ao lado da cama como um rio. Não desabou por sorte”, comenta.

Para Ildene Moreira, 38, receber o apartamento será um alívio financeiro, já que precisa desembolsar R$ 300 desde que deixou a favela Naval para completar o valor do aluguel. “O alugue-social é de R$ 315, mas não consegui achar nenhuma casa para alugar nesse valor. Agora a gente vai poder ficar mais tranquilo”, destaca a auxiliar de limpeza. (Natália Fernandjes)

 




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