Economia Titulo Empregos
Indústria perde 50
mil trabalhadores

Modernização da linha de produção e fracionamento do setor
na região reduz o número de empregados no últimos 20 anos

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
12/03/2012 | 07:16
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A indústria da transformação da região perdeu 49.620 empregados formais em 20 anos encerrados em 2009. Em 1990, o setor era responsável pela contratação de 293.445. Esse número caiu 16% e atingiu 243.825 funcionários no fim de 2009.

Com isso a representatividade da indústria no total de empregos formais da região acompanhou o movimento de queda. Em 1990, quando o setor já era conhecido nacionalmente pelo potencial de geração de riqueza, empregabilidade e bons salários, 55,6% dos trabalhadores formais batiam o cartão nos pontos dessas empresas. Em 2009, o percentual desceu para 32,9%.

Os dados fazem parte de levantamento realizado pelo professor de Economia Sandro Maskio, que ministra aulas na Universidade Metodista de São Paulo, com base em informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Enquanto o setor industrial perdeu trabalhadores, reflexo da modernização das linhas e do fracionamento da produção, 171.941 empregados com carteira assinada ingressaram no setor de serviços, como os transportes, Saúde e Educação./CW

Maskio explica que muitos trabalhadores da indústria perderam seus postos porque exerciam funções consideradas simples hoje em dia, tendo em vista que as máquinas realizam os mesmo processos com mais velocidade e precisão. "Mas no mesmo período o saldo no setor de serviços administrativos, técnicos e profissionais foi de 87.637", destaca. Isso indica que aqueles que deixaram a indústria preencheram boa parte desse subsetor. "Os dados demonstram com clareza a transição da locação da mão de obra no Grande ABC", pontua.

SETORES

O comércio varejista apresentou alta de 68.949 postos de trabalho formal na região nos 20 anos. Em 1990, o setor era responsável pelo emprego de 57.855 pessoas. Já em 2009, eram 126.804 funcionários, o que garantiu 17,1% do total de empregos do Grande ABC na época.

A administração pública tinha 47.282 funcionários em 2009, alta de 142% sobre 1990. E a construção civil, na mesma comparação, teve expansão de 216% ao atingir 34.683 trabalhadores em 2009.

PIB

Contrariando a redução no número de empregados na comparação das duas décadas, a indústria apresentou expansão em sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) do Grande ABC em dez anos encerrados em 2009, passando de 33% para 34%.

O PIB representa o quanto foi gerado de riqueza em determinado local. Ele é calculado por valor adicionado. Portanto, se um fabricante vende um produto ao distribuidor por R$ 100, e a distribuição comercializa o mesmo item ao vendedor final por R$ 150, o valor adicionado apenas neste exemplo é de R$ 50.

Nos mesmos anos, o setor de serviços, incluindo o comércio, apresentou alta de 2 pontos percentuais na participação do PIB da região, caminhando de 47% para 49%.

A arrecadação de impostos foi a parte do PIB que teve redução em sua fatia. Em 1999, representava 20% da produção de riquezas do Grande ABC. Dez anos depois, esse percentual caiu para 17%.

A representatividade da agropecuária foi bem menor do que 1% nos PIB de ambos períodos.

Segundo o professor Sandro Maskio, os resultados são corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) até dezembro de 2011. Em 1999, o PIB deflacionado era de R$ 57,35 bilhões. No fim de 2009, montante passou para R$ 80,26 bilhões, alta de 40%.

SALÁRIO MÉDIO

O salário médio real do empregado formal no Grande ABC caiu 4,9% entre 1999 e 2009. O valor recuou de R$ 2.291 para R$ 2.180, corrigidos monetariamente a preços de dezembro de 2011.

Ao segmentar a evolução do salário médio do empregado formal da região, a maior queda apresentada na década, de 7,3%, ocorreu no segmento de serviços. Esses trabalhadores recebiam cerca de R$ 1.770 por mês em 1999, e passaram a receber, em 2009, R$ 1.640.

Na avaliação do professor de Economia e responsável pela pesquisa, Sandro Maskio, que ministra aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Universidade Municipal de São Caetano, a expansão acentuada no número de empregados no segmento como resultado da segmentação da indústria, que elevou a demanda por serviços, é uma das explicações para a média salarial sofrer a contração no período.

Os funcionários públicos completam o grupo dos setores cujo salário médio do empregado formal ficou mais enxuto. Entre 1999 e 2009, a preços de dezembro de 2011, os valores médios passaram de R$ 2.772 para R$ 2.659.

ALTAS

A construção civil teve o maior incremento real no salário médio dos trabalhadores. Pedreiros, serventes, encanadores e gesseiros viram seus ordenados saltarem 24,8% nos dez anos, com expansão de R$ 1.383 para R$ 1.726.

Os comerciantes elevaram os pagamentos aos seus funcionários em 7,2% na década, alta suficiente para que o salário médio, em 2009, estivesse em R$ 1.133.

E a indústria da transformação, na qual está o setor mais forte da região, a metalurgia, elevou os salários de R$ 3.068 em 1999, para R$ 3.153, alta de 2,8%.

A correção monetária utiliza como base o índice oficial de inflação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).




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