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Fabricantes de artefatos plásticos sofrem retração
Por Isaías Dalle
Do Diário do Grande ABC
31/03/2005 | 14:29
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A indústria de artefatos plásticos experimentou retração em produção e vendas no primeiro trimestre de 2005. Em alguns setores, a queda chegou a 50% em relação ao mesmo período de 2004. A informação é do presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), Merheg Cachum. A associação ainda não fechou oficialmente o balanço do trimestre, mas, em entrevista concedida quarta-feira, Cachum confirmou a desacelaração, registrada principalmente no segmentos que fornecem para os setores de construção civil e saneamento básico.

No entanto, ainda é cedo para se afirmar que a produção de 2005 será menor do que a do ano passado, segundo o presidente da entidade. “Não se pode avaliar um ano inteiro pelos três primeiros meses.” Em 2004, os resultados do setor foram considerados positivos.

Segundo Cachum, entre os fatores que explicam a queda deste início de ano estão a redução de pedidos pelos fabricantes de eletrodomésticos e a conseqüente falta de reposição dos estoques pelo comércio. Outro vilão, na opinião de Cachum, são os artigos plásticos asiáticos, que chegam ao mercado brasileiro a preços muito inferiores, graças a políticas de isenção e financiamentos nos países de origem. “O primeiro trimestre nos surpreendeu. Se continuar assim, o quadro vai ser péssimo”, afirmou.

Cachum aproveitou ainda para cobrar redução na taxa de juros fixada pelo Banco Central, melhoria em políticas de incentivo à exportação e à compra de máquinas e equipamentos – segundo ele, grande parte do parque da indústria do plástico utiliza máquinas de até 15 anos.

Em tom mais otimista, o diretor do Siresp (Sindicato da Indústria de Resinas Sintéticas do Estado de São Paulo), Eduardo Berkovitz, afirmou que o setor químico responsável pela matéria-prima do plástico manteve o ritmo do primeiro trimestre do ano passado, e deve crescer entre 10% e 12% até o final do ano, em comparação com 2004. “Continuamos otimistas em relação a 2005”, afirmou. “Os investimentos em nossos pólos petroquímicos, como os programados para o Pólo Petroquímico do ABC, vão ter demanda correspondente”. As empresas que compõem o pólo, localizado em Capuava, anunciaram neste ano investimentos de cerca de R$ 1,1 bilhão para os próximos meses.

A diferença de resultados observados entre os dois setores da cadeia plástica no primeiro trimestre deve-se, entre outros fatores, à chamada movimentação de estoques. A indústria de transformação, embalada pelos resultados dos 12 meses do ano passado e pela expectativa positiva do período seguinte, manteve as compras de resinas, mesmo durante o primeiro trimestre. Isso manteve a indústria de matéria-prima a pleno vapor e garantiu os bons indicadores. “Só não ampliamos nossa produção porque estamos trabalhando no limite da capacidade”, afirma Nilton Valentim, gerente de marketing da Solvay Indupa, empresa produtora de resina de PVC, localizada em Santo André. “Se a retração se mantiver, só sentiremos lá na frente”.

Valentim confirma que seus clientes da indústria de transformação já acusaram a queda detectada pela Abiplast. Ele lembra que os dois primeiros meses do ano são, em geral, fracos em relação ao final do ano anterior, mas que, quando a retração se mantém em março, acende-se o sinal amarelo. “A retração só não pode se estender para abril e maio.” Para ele, a cadeia plástica ainda aguarda que a liberação de recursos para obras de infra-estrutura e habitação saia do descompasso burocrático, tradicionalmente observado no início do ano entre governos federais, estaduais e prefeituras. A construção civil é o maior mercado da Solvay.

O otimismo também contamina as indústrias plásticas que fornecem para as montadoras de automóveis. O setor automobilístico, que registrou crescimento de 29,9% no ano passado, tem sustentado e até mesmo elevado a produção, segundo detectou a Abiplast. Esse movimento é confirmado pela Solplas, de Santo André. “Crescemos cerca de 20% no primeiro semestre”, diz Vinicio Tambasco, diretor da empresa, que ao longo do ano passado ampliou sua linha de produtos ao iniciar a fabricação de tapetes para a Volkswagen, e aumentou a produção de poliuretano para fixação de vidros automotivos.



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