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Pólvora reforça hipótese de incêndio criminoso no Detran
Por Do Diário do Grande ABC
22/11/1999 | 09:29
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Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) de Sao Paulo encontraram restos de material sólido e líquido que podem ter sido usados para incendiar os arquivos de transferência de carros do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) na semana passada. Entre os materiais sólidos suspeitos de ter iniciado o incêndio está a pólvora. Em relaçao aos líquidos, os peritos encontraram vasilhames de compostos derivados de petróleo, como solventes, e álcool.

Os peritos também já determinaram o local mais provável onde o fogo começou por meio da análise das temperaturas alcançadas pelas chamas em cada ponto da área atingida. Ele fica em meio aos documentos do arquivo. A hipótese de curto-circuito está quase descartada, pois nao havia nenhum ponto de rede elétrica próximo do local em que o incêndio começou. "O laudo do caso só ficará pronto em 20 dias, antes disso, qualquer conclusao é precipitada", disse o diretor-interino do IC, Osvaldo Negrini Neto. Por enquanto, os indícios apontam para uma origem criminosa do fogo. "É preciso analisar os indícios para saber o que eles provam", afirmou.

O incêndio nos arquivos do Detran ocorreu na quinta-feira e consumiu cerca de 80% dos mais de 2 milhoes de processos de transferência de veículos feitas entre julho de 1997 e janeiro deste ano. Isso ocorreu um dia depois de o Jornal da Tarde iniciar uma série de reportagens sobre irregularidades no licenciamento de veículos por meio do pagamento de propinas.

Uma equipe comandada pelo engenheiro Valdemar Zaituni, sob a supervisao do engenheiro Edgar Engelberg, voltou na sexta-feira ao Detran para recolher mais amostras que pudessem auxiliar na apuraçao do caso. Sábado (20) os peritos começaram os exames nos laboratórios do IC.

As principais perguntas que precisam ser respondidas pelos exames é se os materiais líquidos e sólidos encontrados nos escombros do depósito encontravam-se na linha de propagaçao do fogo e se eles ajudaram o incêndio a alastrar-se. Os peritos também vao questionar se esse material, como querosene, gasolina álcool e tinner - que pode ser usado em limpeza -, devia estar ali ou se foi colocado propositadamente para ajudar a aumentar as chamas. Para tanto, será feito um estudo detalhado das temperaturas atingidas em cada local da sala - o ponto inicial chega a uma temperatura mais alta porque o fogo, ali, dura mais tempo, podendo atingir o ponto de fusao de materiais como alumínio e vidro. Para determinar quais sao esses líquidos encontrados, serao feitos exames num aparelho chamado cromatógrafo, que determina a composiçao química de cada um deles.

Próximo do local de origem do incêndio, foram encontrados vestígios do que pode ser o dispositivo de origem do fogo. Para saber se houve o uso de algum ignidor rápido - existe a suspeita de pólvora - os peritos deverao fazer análises por meio de microscópios eletrônicos. O conjunto desses exames é semelhante ao que foi usado para determinar os materiais usados na bomba que explodiu dentro do Fokker-100 da TAM, em 1997, que voava de Sao José do Campos para Sao Paulo.

Por último, os peritos vao tentar determinar, em caso de incêndio criminoso, como ocorreu o acesso ao depósito. Para tanta vao analisar se alguma porta foi arrombada, se o incendiário valeu-se de alguma chave falsa ou se a porta estava aberta na hora em que começou o incêndio. Também vao tentar descobrir quais os arquivos estavam no ponto em que o incêndio começou. Dessa forma, será possível à polícia obter um caminho para investigar o autor do incêndio.




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