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Nas pegadas de Lampião

Márcio Vasconcelos resgata em imagens os
caminhos feitos pelo cangaceiro e seu bando

Vinícius Castelli
11/05/2016 | 07:04
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Márcio Vasconcelos/Divulgação


Herói para alguns e figura nada querida para tantos outros. O fato é que, à sua maneira, o cangaceiro mais famoso do sertão nordestino conquistou seu espaço na história do Brasil. Filho de um pequeno fazendeiro, Virgulino Ferreira da Silva nasceu em Serra Talhada, Pernambuco, em 4 de junho de 1898. Uma vez Lampião, homem de Maria Bonita, liderou diretamente bando com 120 pessoas. Indiretamente tinha sob seu comando 240. Juntos, dominaram regiões rurais de sete Estados brasileiros.

Com a ideia de resgatar os passos de Lampião e de personagens como Corisco e Dadá, que fizeram nascer o imaginário popular dele, o fotógrafo Márcio Vasconcelos, de São Luís, no Maranhão, fez as malas e passou por cerca de 4.000 quilômetros explorados pelo cangaceiro. Entre os destinos estão Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Ceará. O resultado está no livro Na Trilha do Cangaço – O Sertão Que Lampião Pisou (Vento Leste Editora, 104 páginas, R$ 100, em média), que ganha vida repleto de imagens interessantíssimas. O texto da obra é assinado pelo historiador Frederico Pernambuco de Mello, integrante da Academia Pernambucana de Letras.

Sozinho durante jornada que levou quatro meses, Vasconcelos partiu de carro de São Luís. “Foram mais de 1.000 quilômetros para chegar em Serra Talhada (Pernambuco), que foi o início da trilha. Lá existem grandes referências, como o Museu do Cangaço, e é uma área de grande interesse em relação à história de Virgulino e do cangaço”, diz Vasconcelos.

Entre os locais encontrados e registrados pelo fotógrafo está a casa da avó de Lampião, Dona Jacosa. Lá foi um dos espaços onde ele brincou na sua infância “e a casa dele e de seus pais era vizinha a esse local, que fica a 35 quilômetros do Centro de Serra Talhada.”

Muitas cores, paisagens do sertão, buracos de bala, casas antigas e gente com muita história foram algumas das coisas que Vasconcelos encontrou ao longo do caminho.

O fotógrafo conta que passou por momentos de extrema emoção, principalmente quando chegava em lugares simbólicos ou encontrava personagens que foram testemunhas daquela época e que ainda se encontram lúcidos apesar da idade avançada. “Mantive horas de prosa com Manuel Dantas Loiola, vulgo Candeeiro, e que se encontrava na Grota do Angico no momento da emboscada que matou Lampião, Maria Bonita e outros nove companheiros. Candeeiro conseguiu fugir”, explica o fotógrafo. O personagem em questão morreu em 2013.

Antes de chegar na Grota do Angico, na beira do Rio São Francisco, em Sergipe, onde Lampião foi morto pela volante do tenente João Bezerra, em 28 de julho de 1938, Vasconcelos encontrou pelo caminho figuras como Seu Borges, primo de Maria Bonita.

Seu Camilo, atual proprietário das terras que eram do pai de Lampião, também é outro que ilustra a obra. “Este é um episódio muito vivo no imaginário popular, então ter refeito esta trilha, encontrado lugares e personagens simbólicos, foi muito forte. Lampião é a personalidade mais biografada do Brasil e na América Latina. Só fica atrás de Che Guevara.” 




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