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'Terceiro Turno já reduziu 25% de atendimento no PS’, diz Pinheiro

Para Pinheiro, implantação de expediente estendido
nas UBSs possibilita a 'humanização do atendimento'

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
16/10/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Programa Terceiro Turno, que amplia até as 23h o horário de atendimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de São Caetano, desafoga, por mês, 25% da demanda no pronto-socorro local, o Hospital Municipal de Emergência Albert Sabin, no bairro Santa Paula, afirma o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB).

Em entrevista exclusiva ao Diário, Pinheiro destaca que a implantação de expediente estendido nas unidades, iniciada há três meses, permite a “humanização do atendimento”. “Com menos gente (no pronto-socorro), é possível dar uma atenção maior aos pacientes. A estrutura do hospital é a mesma, mas a diferença é que, quando tem mais gente para atender, a qualidade é prejudicada porque a atenção aos doentes vai ser menor. Com isso, dá para o médico interagir mais com o paciente, para que ele se sinta seguro de que será curado”, frisa.

Atualmente, três unidades funcionam até mais tarde (Nair Spina Benedicts e Amélia Locatelli e o Centro Policlínico Gentil Rstom). A cidade conta com dez UBSs, que atendem de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. “Até dezembro queremos chegar a cinco unidades atendendo até as 23h”, estima.

Prestes a ir para o último ano de governo, Pinheiro elenca a Saúde como a principal pauta até 2016. “Eu sou médico, sei dos problemas que a área enfrenta”, discorre o peemedebista, que lançou nesta semana pacote de 12 ações para o setor, entre elas o Programa Especialista Perto de Você, que leva até os equipamentos especialidades de maior demanda (dermatologia, cardiologia, otorrinolaringologia, ginecologia, obstetrícia, neurologia e neurocirurgia), uma a cada dia da semana.

Em busca da reeleição, Pinheiro diz que, para o cargo de vice, escolherá quem tiver chances de atrair mais votos. Segundo ele, não adianta pinçar quadro que tiver afinidade se não agregar eleitoralmente.

Passados os três primeiros anos de seu governo, qual área o sr. dará mais ênfase no último ano de mandato?

A Saúde. Porque é uma área que, por mais que você faça, sempre precisa fazer mais. Estamos incrementando mais programas para dar qualidade melhor no atendimento sem muito gasto. A gente sente a satisfação popular. A população tem falado bem da Saúde por conta desses serviços que estamos fazendo. Antigamente, o atendimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) era aquele trivial, quando lá não poderia absorver alguma patologia, mandava para o hospital, via se era caso de internação ou não, se era atendimento de urgência ou mais especializado. Agora, estamos fazendo um atendimento diferente, porque as pessoas que procuram as unidades vão ser atendidas pelas especialidades que procuram. Estamos fazendo também, uma vez por mês, mutirões com várias especialidades diferentes a cada dia da semana. O munícipe vai naquele dia sabendo que vai ser atendido naquela especialidade. Ele não vai descoberto, sem saber o que vai fazer lá. E tudo isso é descentralizado, em todos os bairros estaremos fazendo esses mutirões.

Qual o impacto com essas ações?

Diminui a demanda reprimida. Por conta do (Programa) Terceiro Turno, por exemplo, que estende o horário do atendimento nas UBSs até as 23h, conseguimos reduzir em 25% por mês a quantidade de atendimentos no pronto-socorro. Com esse programa, o pessoal já vai na UBS em vez do hospital de emergências e já é atendido. A UBS fica de portas abertas e atende sem necessidade de encaminhamento prévio. Isso foi criado para as pessoas que trabalhavam durante o dia, que não têm tempo de ir no médico em horário diurno. Às vezes, você precisa tirar uma dúvida e aí tem o Terceiro Turno, das 19h as 23h, permite você fazer o tratamento.

O que muda na prática essa redução em 25% no atendimento?

A qualidade do atendimento do pronto-socorro vai ser melhor, pois quando você tem menos gente (para atender), você dá atenção maior aos pacientes. A estrutura do hospital é a mesma, mas a diferença é que, quando tem mais gente para atender, a qualidade é prejudicada porque a atenção aos doentes vai ser menor. Com isso, dá para o médico interagir mais com o paciente, para que ele se sinta seguro de que será curado. Mas quando o PS está cheio, não dá para o médico se alongar muito e isso tira a humanização do atendimento.


Quantas UBSs já atendem até as 23h?
Nesta semana levamos o programa à terceira unidade, na Amélia Locatelli (no bairro Santa Maria). Talvez cheguemos a cinco até o fim do ano. Ainda não fechamos isso, mas queremos uma ou duas (a mais) até dezembro. Queremos implementar o Terceiro Turno em pontos estratégicos, para que o pessoal não precise se deslocar para muito longe. Embora a cidade seja pequena, queremos facilitar para o morador não precisar sequer pegar ônibus para ser atendido durante esse período.

E quanto a Prefeitura gasta a mais com as UBSs fechando mais tarde?

Os médicos são os mesmos praticamente, você paga apenas valores adicionais, como se fosse um plantão. Fazemos um remanejamento (de turno). Pelo que está sendo feito e pela satisfação popular, o custo adicional é baixo, em média R$ 25 mil por mês a mais em cada unidade que receber o programa.

A sua intenção é de deixar legado na Saúde?

Eu quero deixar esse legado também, por eu ser profissional da área. Sentia os problemas da Saúde atendendo os pacientes. Tem médico que porventura virou prefeito, mas nunca chegou a atender ninguém. Então, ele vai lidar com a Saúde como qualquer outro gestor, formado em qualquer área. Mas eu, por ser médico e ter batalhado como um profissional da Saúde, sei das dificuldades que existem no sistema. Eu atendia, ouvia a reclamação dos pacientes e, por isso, eu sei no que dá para melhorar na área.

Por que o Paço desistiu de receber a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) para, no lugar, erguer um Caps (Centro de Atenção Psicossocial)?

Não dava para ficar com os dois equipamentos, são diferentes. O recurso para a UPA não é recurso, é despesa. Essa é uma discussão de todas as cidades. A UPA custaria por ano aos cofres da cidade R$ 14,4 milhões. O governo federal só me repassa R$ 2,1 milhões para o custeio da unidade. Então, o município teria que absorver um gasto de R$ 12,3 milhões por ano, uma média de R$ 1 milhão por mês. Pior do que isso, pela localização (onde a UPA seria construída), próximo ao Rudge Ramos (em São Bernardo) e da Capital, a unidade atenderia entre 70% a 80% da população de fora de São Caetano, sendo que a despesa viria para o município. Moradores de outras cidades é que teriam um ganho. Mas São Caetano não está precisando de outro hospital de emergência.


Para São Caetano, a UPA seria um ônus?

É um ônus, não só para São Caetano, mas para todas as cidades do Brasil. Eu acho que, se você der um presente, que seja total. E a UPA é um presente de grego. O que ele oferece para o custeio é muito pouco em relação ao que o município gasta com os atendimentos no equipamento. Se a gente pudesse cobrar do governo federal por atendimento, ou seja, por cabeça, aí compensaria. Mas não é isso que acontece. É fixo (o repasse). A UPA é um equipamento bom para cidade que não tem nada, nenhum hospital de emergência. Mas tem cidade que não consegue arcar com o custeio da UPA. É só você olhar alguns municípios ricos que estão fechando (as UPAs) porque o governo (municipal) não tem condição de arcar com a manutenção.

A cidade terá de devolver R$ 1 milhão ao governo federal...

Mas isso não é nada perto de R$ 12 milhões que gastaríamos por ano se tivéssemos aceitado a UPA. Só devolveremos esse valor porque já construíram o prédio, que será usado para a implantação do Caps, que é saúde mental. Só vai trocar de lado, do tipo de atendimento. De qualquer forma, gastaríamos o mesmo valor para erguer o equipamento.

Qual a importância do Caps para a cidade?

O Caps se faz mais necessário porque é para tratar de usuários de drogas e de pessoas com diversas doenças mentais. E isso hoje tem expandido muito. São Caetano é uma cidade onde a população tem expectativa de vida muito alta, a longevidade é longa, então tem muito caso de idosos com (mal de) Alzheimer, com mal de Parkinson, ou depressão. É preciso que exista um atendimento específico, em local mais adequado para o tratamento dessas doenças.

Há mais ações na área previstas?

No domingo vamos entregar dez novas ambulâncias e seis carros de apoio para os equipamentos da Saúde, que servirão para fazer o transporte de um hospital para outro ou para outra cidade. Por exemplo, os pacientes que fazem hemodiálise às vezes não têm como se locomover. Atualmente, a cidade conta com oito ambulâncias próprias, que serão trocadas por essas novas, além da frota do Samu.

E como ficou o caso do Hospital São Caetano?

Recebi da SPU (Superintendência do Patrimônio da União) que, por conta de dívidas trabalhistas do hospital, que chega a R$ 32 milhões, não será possível o governo federal assumir parte da gerência do hospital. Então, vou voltar a sugerir no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC a aquisição do equipamento pelos sete municípios e, dessa forma, transformá-lo em hospital regional.

Quanto a Prefeitura já pagou da dívida de R$ 264,5 milhões herdada da administração passada?

Já pagamos R$ 140 milhões. Eu quero zerar todas as dívidas do meu governo, não quero deixar restos a pagar para o meu sucessor. Por isso nós agimos com o pé no chão, porque não quero ser criticado pelo que eu condenei.

Como está a discussão sobre a escolha do seu vice em 2016?

Só vamos definir isso em abril. O escolhido será quem agregar mais para minha eleição. Esse será o perfil do meu vice: quem pesar mais na balança eleitoral. Às vezes, eu posso querer um nome, mas outra pessoa pode ser escolhida por ser mais viável eleitoralmente. Para a eleição de 2012, foi assim que fizemos na escolha da vice.


Escolher o PTB para a vice não seria uma forma de garantir a legenda no arco de alianças?

Pode ser que exista essa vontade por parte do PTB, mas dizer que vamos fechar acordo nesse sentido, por enquanto, não. Sempre vi o PTB como parceiro, até porque eu era do partido e só saí porque não me quiseram como candidato a prefeito.

Como o sr. vê a possibilidade de enfrentar o ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB)?

O prefeito que saiu já mostrou quem é e o que fez. Vai ser até bom para a população, que vai poder escolher entre as pessoas já conhece como gestor.
 




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