Os guardas-civis de Diadema que estão de plantão na entrada do terreno particular ocupado por cerca de 250 famílias, no Jardim Eldorado, estão sendo acusados de impedir a entrada de alimentos no acampamento. Os sem-teto ocuparam a área na madrugada de domingo.

Na tarde de segunda-feira, a GCM teria barrado também caixas com copos de água e lonas para cobrir as barracas deterioradas pela chuva. "Uma pessoa veio com uma van lotada de latas de leite em pó para doar e eles barraram", denunciou Paulo Roberto Melo, um dos líderes do movimento que organizou a ocupação, o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas).

A GCM estava no acampamento para evitar que pessoas entrassem com madeiras ou outros materiais para construção de barracos e outras moradias alternativas. Segundo Melo, a noite de anteontem foi a primeira que passaram longe das vistas dos guardas, que voltaram no dia seguinte, pela manhã.

Durante a forte chuva da tarde de terça-feira, os integrantes do movimento tiveram de se abrigar no galpão localizado no meio do terreno. A área coberta até então estava sendo evitada, por estar muito suja, inclusive com fezes de animais. "Essa sujeira pode causar até doença ou algo do tipo, por isso recomendamos que as famílias permaneçam nas barracas", explicou Melo. "Mesmo assim, ontem não teve jeito. A chuva estava muito forte e acabou levando boa parte das barracas."

Uma das cozinheiras do movimento, a catadora de reciclável Maria José da Silva, 54, tirou a lona da sua barraca e estendeu sobre as panelas com a comida que é servida a todos os ocupantes do terreno quando percebeu o temporal. "Coloquei outro plástico no chão e dormi por aqui", disse, se referindo ao chão da cozinha improvisada com o fogão doado.

O secretário da Habitação, Márcio Vale, se comprometera a ajudar na intermediação da compra de outro terreno, mas até ontem não havia informações sobre a negociação.