A hora de brincar é feita para usar a imaginação, gastar energia e soltar a voz. Chega a ser difícil controlar a gritaria, principalmente quando se está com amigos. Muitas vezes o barulho faz parte da diversão e é saudável. Só é preciso tomar cuidado para não incomodar os outros.

Em geral, é permitido aumentar o volume da brincadeira em festas, parques e reuniões de família. Mas no restaurante e cinema, por exemplo, tem de falar baixo. Se ficar confuso, peça ajuda de um adulto para saber onde deve ficar quietinho.

Gabriela Fragoso, 9 anos, de Santo André, sabe que pode correr e falar alto no recreio, mas para de conversar quando a aula começa. "Aproveitamos para falar e dar risada só na troca de professores." A garota acredita que biblioteca também não é lugar de bater papo. "Pode atrapalhar quem está lendo ou fazendo lição."

Segundo especialistas, as crianças mais novas não atingiram a maturidade neurológica, então não conseguem perceber o quanto sua voz pode ser alta. Mas, com o tempo, vai diferenciando e aí não tem desculpa: é falta de educação gritar onde não pode. Para não passar dos limites, tem de obedecer quando pede-se silêncio.

No dia em que Matheus Vantini, 9, de São Bernardo, foi visitar o avô no hospital, ele já sabia que não deveria fazer barulho. "Não pode nem mesmo buzinar em frente ao prédio, pois vai perturbar os pacientes e médicos."

Gabriela e a amiga Juliana Ferrari, 10, de Santo André, aprenderam que no cinema também tem de respeitar o silêncio. Uma vez, não conseguiram se controlar e começaram a rir de uma piada que haviam feito durante o filme. "Não percebemos que estava alto, mas a mãe da nossa amiga avisou. Podíamos atrapalhar quem estava ao nosso lado", afirma Juliana.

Saiba mais

Quem assistiu ao filme do Tarzan sabe que seu grito é parecido com o urro de um animal. Ele faz isso porque foi criado na floresta junto de gorilas e outros bichos. Além de soltar o maior berro, ele bate no peito com as mãos fechadas, como um verdadeiro primata.

Os animais diminuem a capacidade de ouvir com a idade. O excesso de barulho afeta muito a audição deles, pois é mais sensível do que a nossa. O cachorro, por exemplo, não gosta de trovão e fogos de artifício. O som para o bicho é tão alto que pode causar dor.

Dá impressão de que meninas gritam mais porque o tom da voz delas é agudo. Os meninos também gritam, mas têm voz mais grave, que não incomoda tanto os ouvidos.

Consultoria de Suzy Camacho, psicóloga e autora do livro Guia Prático dos Pais, de Ektor Onishi, otorrinolaringologista e coordenador do Ambulatório de Zumbido da Unifesp, e de Célia Leão, consultora de etiqueta.