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Falta de dinheiro reduz fidelidade no varejo
Por Guilherme Yoshida
Do Diário do Grande ABC
23/05/2006 | 07:51
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O consumidor está cada vez mais endividado e menos fiel na hora de sair às compras. É o que indica a Apas (Associação Paulista de Supermercados). Segundo uma pesquisa encomendada pela entidade, num cenário de concorrência acirrada, 77% dos lares brasileiros optam por três ou mais canais de compras (estabelecimentos comerciais) para abastecer a despensa. Além disso, o consumidor está gastando mais do que ganha, fato que causa um endividamento médio de 3%.

"Estamos vivendo um período de grande infidelidade e mixidade (aumento das opções de compra), além do consumidor estar muito mais exigente", explica Fátima Merlin, gerente da Latin Panel, empresa que participou da realização da pesquisa. Ela afirma ainda que na década de 80 cerca de 70% dos consumidores eram considerados fiéis às lojas. "Esta redução atual de fidelidade é o fator que mais impacta nos negócios. Para se ter uma idéia, o tíquete médio (gasto médio por operação de compra) em supermercados é de R$ 40. Já em pequenas lojas, cai para R$ 21", conta.

A mixidade relatada é baseada no estudo, que aponta um crescimento maior em volume do que em valor nas compras nos dois últimos anos, com uma variação média negativa dos preços. "Os preços vêm se mantendo estáveis e as margens de lucro são cada vez menores. A estratégia dos supermercados tem sido ampliar a variedade de oferta de marcas e produtos nas prateleiras", afirma o presidente da Apas, Sussumu Honda.

A pesquisa das tendências do mercado supermercadista e dos hábitos de consumo mostra ainda, segundo Honda, que o consumidor não está mais se prendendo a marcas e que hoje as "experimentações" em algumas categorias de produtos, como o vinho por exemplo, têm aumentado significativamente. "O consumidor muda de loja se não encontrar o seu produto preferido. Não podemos mais agregar custos nos produtos, mas temos que agregar valor", analisa o presidente.

A Apas indicou a carga fiscal como a principal preocupação para os supermercadistas e fornecedores e que a abertura às importações é o que menos importa no momento. "Em 2004, foram lançados 9,5 mil produtos nos supermercados e apenas 15% deles estavam nas prateleiras depois de um ano. Há uma rotatividade muito grande também", conclui o diretor da ACNielsen Brasil, empresa que também elaborou os dados da pesquisa, João Carlos Lazzarini.

Em 2005, o setor supermercadista faturou cerca de R$ 106,4 bilhões. O Estado de São Paulo responde por 40% deste volume. Para este ano, a Apas prevê um crescimento de 4%. "Pouco mais de 70% dos nossos clientes são das classes A, B e C, o oposto do perfil do consumidor no Brasil, que é de classe C, D e E", conta Honda.




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