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Lula investe no Grande ABC 71% do que FHC enviou em oito anos
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
28/02/2005 | 12:14
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O governo Lula quase alcançou em dois anos o valor total dos investimentos realizados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na região ao longo de oito anos. Em 2003 e 2004, Lula liquidou (dinheiro certo) R$ 27,5 milhões para os municípios da região – 71% dos R$ 38,6 milhões remetidos às sete cidades na era FHC. O tucano investiu R$ 4,289 milhões por ano. Lula manda quase três vezes mais: R$ 13,760 milhões. As informações são oficiais. Estão na execução orçamentária da União. Todos os valores foram corrigidos para dezembro de 2004 pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado).

Tem mais: se Lula realmente pagar tudo o que prevê nos Orçamentos de 2003 a 2005, vai encerrar o período com investimento de R$ 127 milhões no Grande ABC. Em três anos, terá mais do que triplicado o valor do investimento realizado por seu antecessor na região entre 1995 e 2002.

A comparação dos dois primeiros anos do governo Lula com os dois primeiros anos do governo FHC (1995 e 1996) mostrou que o petista investiu cinco vezes mais do que o tucano na região. A novidade agora é que FHC perde em performance até mesmo quando compara oito anos contra os dois primeiros anos do sucessor. A comparação é importante para mostrar o quanto os tucanos – agora em maioria no Grande ABC – desprezaram a região quando ocupavam simultaneamente o Planalto e o Palácio dos Bandeirantes.

Os valores mostram também, que independentemente da cor partidária, permanece enorme a diferença entre a contribuição que o Grande ABC produz – informação difícil de conseguir junto aos governos – e o que a região recebe do governo federal. Os R$ 66,1 milhões liquidados para bancar projetos federais no Grande ABC ao longo da última década representam menos do que o Orçamento anual de Ribeirão Pires (R$ 72 milhões). A conta não considera os repasses constitucionais para manutenção de hospitais e escolas.

Os números tratam de recursos solicitados aos cofres federais para um grande número de obras pequenas de infra-estrutura (construção de quadras, creches e reforma de unidades de saúde) e para atendimento a programas sociais. O dinheiro sai na verdade do consumidor que paga impostos diretamente (como no caso do imposto de renda) ou indiretamente (como no caso daqueles embutidos nos produtos).

Em 1995, primeiro ano da era FHC, o governo federal não fez nenhum investimento direto no Grande ABC. Em 1996, investiu 2,142 milhões (dotações liquidadas com valores atualizados monetariamente para dezembro de 2004). O valor subiu em 1997 para R$ 10,422 milhões, mas voltou a cair em 1998 para R$ 1,295 milhão. Depois, seguiu oscilante: R$ 4,2 milhões em 1999, R$ 2 milhões em 2000, R$ 14 milhões em 2001 e R$ 4 milhões em 2002.

Lula iniciou o governo em 2003 com liquidações de R$ 23,4 milhões (o mais alto valor desde 1995), mas caiu para R$ 4 milhões em 2004. A região tem R$ 6,7 milhões aprovados no Orçamento da União para 2004, mas na última sexta-feira o governo anunciou um corte de R$ 15 bilhões no Orçamento e há poucas chances de o dinheiro chegar do mesmo tamanho que foi pedido. Os cortes freqüentes no Orçamento são a principal estratégia do governo para garantir sobra de recursos suficiente para pagar os juros da dívida externa. A política dominante durante o governo FHC ainda encontra ressonância na equipe econômica do governo Lula, ou seja, nem todo recurso autorizado pode ser pago pelo governo no mesmo ano. Até hoje, o governo Lula pagou pouco mais de R$ 3 para R$ 100 aprovados no Orçamento de acordo com números de janeiro desse ano.

Além das emendas de pequeno porte, solicitadas pelos deputados federais – da região ou não – o Grande ABC pleiteia recursos para grandes obras. Uma delas é o coletor-tronco de esgotos, que servirá para remeter os resíduos de todas as cidades a uma estação de tratamento localizada na divisa de São Caetano. FHC deu as costas para todas as reivindicações que chegaram ao governo em oito anos e o empreendimento só começou a ganhar forma em 2004, sob o governo Lula.

Outro exemplo de diferença no tratamento dispensado pelo Planalto ao Grande ABC está na expansão do Pólo Petroquímico de Capuava, um negócio de US$ 500 milhões, essencial para a economia da região. A expansão foi insistentemente cobrada do governo FHC e saiu apenas sob a gestão atual.

Apesar da boa vontade política do presidente, que assinou a carta que coloca essas e outras seis prioridades em pauta, o governo anda em ritmo diferente das necessidades regionais. Demorou a entender a necessidade de investir no trecho Sul do Rodoanel e só tomou posição depois que o tucano Geraldo Alckmin colocou a culpa pelo atraso da obra eminentemente estadual na inércia do parceiro federal.

Outro episódio que ameaça o balanço positivo obtido pelo governo Lula na região é a criação da Universidade Federal do Grande ABC – pauta antiga e igualmente ignorada pelos tucanos federais e estaduais ao longo de oito anos. Alckmin mandou para a zona leste de São Paulo o campus da USP que a região solicitava há tempos. Apesar da palavra do presidente de que o campus federal vai virar realidade, a combinação do anúncio de uma agenda apertada com uma infinidade de idas e voltas na concepção do projeto produz a cada dia mais críticas do que elogios à iniciativa.



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