Nacional Titulo
Briga pelo título em S.Paulo está acirrada
Lola Nicolas
Do Diário do Grande ABC
07/02/2005 | 16:48
Compartilhar notícia


Quem será a campeã do Carnaval 2004 de São Paulo? O resultado vai ser conhecido a partir das 9h30 de terça-feira no Sambódromo do Anhembi, zona Norte da capital, mesmo palco onde as 16 escolas do Grupo Especial e as oito do Acesso desfilaram entre as noites de sexta-feira e a madrugada de segunda-feira. Inclusive a Gaviões da Fiel, que entraria nesta madrugada na avenida para tentar voltar ao grupo principal. No grupo de elite, seis agremiações entram para a apuração em pé de igualdade para chegar ao título: Vai-Vai, Mocidade Alegre   (atual campeã), Rosas de Ouro, Camisa Verde e Branco, X-9 Paulistana e Nenê de Vila Matilde, as duas últimas desfilaram no segundo dia de competição.

Para terça-feira, a apuração terá uma novidade: ao contrário dos anos anteriores, quando o regulamento determinava o descarte da maior e da menor nota dos quatro jurados, desta vez as escolas são analisadas por apenas três jurados em cada quesito e valem todas as notas. Não há mais descarte. Os 10 quesitos em julgamento são: bateria, harmonia, evolução, melodia, letra do samba, mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente e alegoria, enredo e fantasia.

Segunda-feira, na reunião entre diretores da Liga e das escolas de samba, serão definidas as possíveis penalizações às escolas que descumpriram o regulamento. Uma delas é a Mancha Verde, que estourou em um minuto o tempo de se apresentar. De acordo com o regulamento, o estouro do tempo acarreta na perda de três pontos, mais um por minuto excedido. A Imperador do Ipiranga, que teve um carro alegórico quebrado ainda na concentração, pode perder de dois a quatro pontos.

No segundo dia de desfiles, que terminou na manhã de domingo, o público estava mais receptivo e chacoalhou as arquibancadas do Anhembi, principalmente durante os desfiles da X-9 e da Nenê de Vila Matilde. Vice-campeã de 2004, a X-9 fez uma homenagem à dupla Chitãozinho e Xororó, com o samba-enredo Nascemos para cantar e também sambar. A dupla, no alto de um carro alegórico e na companhia da mãe, cantou e dançou o tempo todo, motivando o público a fazer o mesmo. Sandy e Junior, filhos de Xororó, também desfilaram. Como sempre, a agremiação da zona Norte da capital fez um desfile técnico, sem erros e evolução e harmonia e deixou a passarela do samba sob aplausos, tornando-se mais uma forte candidata ao título.

 Outra forte favorita, a Nenê de Vila Matilde trouxe sua enorme torcida para o Anhembi, que durante os 65 minutos de desfile cantou o samba-enredo Um Vôo da Águia entre Dois Mundos (a ave é o símbolo da agremiação) e empurrou a escola, que já foi 11 vezes campeã, a última em 2001. Aliás, o entusiasmo e o samba no pé de seus integrantes são marcas fixas da azul e branco da zona Leste.

Aliás, o que se viu nesses dois dias de carnaval paulistano foi a superação dos carnavalescos para contornar os problemas financeiros. Sem receber a maior parte da verba prometida pela Prefeitura de São Paulo, esses profissionais optaram por materiais mais baratos e apostaram na vibração de seus componentes para contagiar a arquibancada e conquistar os juízes.

Wagner Santos, carnavalesco da Unidos de Vila Maria, trocou as tradicionais plumas por material reciclado, recolhido nos lixões da cidade, em suas alegorias e transformou a passarela do Anhembi em um imenso picadeiro. Sob chuva de papel picado, a escola defendeu o samba-enredo Sonho e Realidade no Circo da Vida, um samba cheio de comparações de personagens e situações cômicas da vida real. À frente da bateria, a rainha Adriana Alves, atriz global e que se destacou na novela Celebridades e que, em breve, estará em Como uma Onda. O tema trabalhado por Wagner Santos e bem desenvolvido pela escola coloca a Unidos de Vila Maria cotada para uma boa colocação na classificação geral.

Já a Barroca Zona Sul, que escapou do rebaixamento no carnaval de 2003 (por conta do aniversário de 450 anos naquele ano não houve descenso) e de 2004 (salva pelos oito pontos perdidos pela Gaviões), é séria candidata a cair desta vez. A escola teve problemas de evolução e precisou correr na avenida para não estourar o tempo. Também a Tom Maior (vice-campeã do Acesso de 2004), desfilou com a cabeça quente, já que alguns integrantes foram impedidos de sair na avenida pela Liga porque não estavam com os capacetes da fantasia. Nem mesmo a madrinha da bateria, Adriana Bombom (mulher da sambista Dudu Nobre), conseguiu motivar seus colegas.

No segundo dia do desfile também participaram Águia de Ouro, que tratou da desigualdade social, misturando o sagrado e o profano, trazendo o bispo de Duque de Caxias (RJ), dom Mauro Morelli, um dos criadores do programa Fome Zero, no último carro alegórico. Já a Leandro de Itaquera, que encerrou o espetáculo, teve dificuldades para fazer a platéia entender o enredo Rotary: dar de si antes de pensar em si – o Carnaval das Emoções.

  

Nota triste –  No meio do clima de euforia e festa, uma notícia triste abalou principalmente os integrantes da Águia de Ouro. A passista Dauri José da Silva Corriel, de 59 anos, passou mal quando desfilava na ala das baianas e, apesar de levada para o hospital de Santana, morreu em conseqüência de parada cárdio-respiratória.

Segundo o posto de atendimento médico instalado no Anhembi, outras 20 pessoas que integravam escolas de samba foram atendidas durante os dois dias de desfiles, a maioria por desmaios e contusões. Entre o público, mais de 60% dos atendimentos foram por causa de excesso de bebida.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;