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Hemocentros do Grande ABC vacinam contra a febre amarela

Três unidades oferecem proteção após doação de sangue; meta é evitar queda nos estoques

Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
04/02/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A vacinação contra a febre amarela tem sido amplamente divulgada nas últimas semanas, no entanto, o que muita gente ainda não sabe é que ao receber a dose que protege contra a doença, a pessoa fica impossibilitada de doar sangue por cerca de um mês. Para evitar problemas futuros, tendo em vista que os estoques da região têm capacidade para durar até 15 dias, quando o ideal seria 20, três hemocentros do Grande ABC se tornaram postos de imunização contra o vírus (veja arte abaixo).

Segundo Juvencio Duailibe Furtado, professor de Infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), a janela de cerca de 30 dias para a doação de sangue após a vacinação se deve a alterações imunológicas provocadas pelas doses que, associadas à perda de sangue, podem causar efeitos colaterais, como dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação. “O vírus vivo tem maior envolvimento com o sistema imunológico e tem respostas mais intensas”, afirma.

Bem informado, o soldador aposentado Valter Luiz Ferreira, 53 anos, programou doação de sangue no hemocentro de São Bernardo antes de ir até o posto de Saúde da Vila Euclides se vacinar. Morador do Jardim das Orquídeas, Ferreira repete a ação, capaz de salvar vidas, a cada quatro meses. “Vi na TV que não poderia doar depois de tomar a vacina, o que não sabia era que conseguiria tomar a dose aqui no centro”, comemora. Para o aposentado, a iniciativa traz mais comodidade e satisfação aos cidadãos.

Já a comerciante Anny Karen Mangarote, 28, moradora de Diadema, compareceu ao hemocentro para doar sangue pela primeira vez. “Meu namorado é doador e me incentivou a vir também”, comenta. O tipo sanguíneo de Anny é ‘AB’ negativo, um dos mais raros, já que apenas 3% da população o possui.

O tipo sanguíneo ‘O’ negativo é doador universal e, por isso, um dos mais bem-recebidos nos hemocentros, destaca a gerente administrativa das unidades do Grande ABC e Baixada Santista da Colsan Solange Aparecida Rios. “Os tipos que mais faltam nos estoques são os negativos”, alerta. Atualmente, a média regional é de 5.000 até 5.500 doadores por mês, mas o ideal seria atingir a meta de 6.000 a 6.500 colaboradores.

A corretora de imóveis Reginalda Aparecida Beloti, 57, se vacinou em 2014 para viajar para o Exterior, mesmo assim ela acredita que a vacinação traz apelo maior para chamar a atenção de mais doadores. “Faço doações desde os 18 anos e posso dizer que os maiores beneficiados somos nós”, comenta referindo-se à boa sensação de ajudar o próximo. A diretora explica que, por enquanto, foram observadas poucas recusas por conta da vacinação contra a febre amarela. Até quinta-feira, 24 doadores foram vacinados nos três postos da região.

Doação de sangue pode ser feita a partir dos 16 anos, com autorização
Ao contrário do que muita gente imagina, não é preciso ter 18 anos para praticar o bem. Jovens com idade a partir de 16 anos, desde que com autorização e acompanhados de pais ou responsáveis, podem realizar doação de sangue. “É importante que os jovens saibam que podem doar e ofereçam esse presente para quem precisa”, aconselha a captadora Neoci Colto.

O estudante Thiago Ramos de Oliveira, 16 anos, fez sua doação de sangue pela primeira vez. Acompanhado dos pais, ele destacou que o gesto é prática comum na família. “Fiquei sabendo que poderia doar por meio da minha irmã. Vou aproveitar e já me vacinar aqui também”, destaca. Neoci alerta, entretanto, que a vacinação não é obrigatória após a coleta de sangue. Além disso, aqueles que já se imunizaram em algum momento da vida, não precisam da proteção novamente.

Imunização é principal forma de prevenir e controlar a doença no País
O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A doença não é passada de pessoa a pessoa. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença. Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão, o silvestre e o urbano.

No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. Já no ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro. Neste caso, a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.

O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942.




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