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Empresa de Sto.André vende cópias de carros antigos para os EUA
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/02/2005 | 15:51
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A empresa Americar Veículos Especiais, de Santo André, começa neste ano a exportar réplicas de carros americanos clássicos para os Estados Unidos, principal fabricante mundial de veículos desse tipo. Em outubro passado, a empresa enviou seis unidades para o show-room de um revendedor na Flórida, a fim de que o produto se tornasse conhecido. A partir daí, vieram as encomendas.

Os dois modelos fabricados pela Americar são o Jaguar XK-120 e o Ford Cobra, vendidos há oito anos pela empresa. Podem ser copiados porque já não são mais produzidos. O Jaguar foi regularmente fabricado de 1949 a 1953 e o Ford Cobra, de 1963 a 1966. Para comercializá-los, a Americar obteve autorização do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Originalmente, ambos os modelos foram concebidos para corridas. O Jaguar XK-120 foi o primeiro veículo da história a ultrapassar a velocidade de 120 milhas/hora (192 km/h).

Com o início da exportação das cópias do Jaguar e do Cobra, a Americar pretende se especializar nesses dois modelos e direcionar as réplicas principalmente para o mercado externo. “Pretendo com isso dobrar a produção e, conseqüentemente, o faturamento”, afirma o proprietário da empresa, Cléber Jean Lopes. Até o ano passado, a empresa produzia em média duas unidades por mês, sempre sob encomenda. Com o contrato de exportação, desde o mês passado passou a produzir seis – dois para o Brasil e quatro para os Estados Unidos.

O empresário explica que exportação é resultante de contatos com um revendedor de réplicas nos Estados Unidos, que o procurou. “Os americanos são muito exigentes em relação à qualidade e não costumam aceitar facilmente produtos de outros países, ainda mais latino-americanos. Estou surpreso porque é muito difícil entrar naquele mercado”, diz. Atualmente, Lopes está em negociação com um representante da Bélgica e um da Inglaterra.

De acordo com o empresário, o principal motivo de a Americar disputar o mercado de réplicas com fabricantes americanos, os principais produtores do segmento, é a qualidade do trabalho artesanal brasileiro. “Além disso, o preço das réplicas produzidas no Brasil é mais baixo do que nos Estados Unidos porque o custo da mão-de-obra lá é mais alto”, explica.

Lopes conta que o principal fabricante de réplicas do Ford Cobra possui uma indústria na África do Sul, devido ao custo mais baixo da mão-de-obra. Mesmo assim, segundo ele, o valor final desses veículos nos Estados Unidos é de US$ 39,8 mil. Já as réplicas fabricadas pela Americar serão compradas pelo revendedor nos Estados Unidos por US$ 13 mil (R$ 33,8 mil, sem motor) e vendidas ao consumidor final por preços entre US$ 25 mil a US$ 35 mil, dependendo do motor escolhido pelo cliente. Os originais, tanto do Jaguar quanto do Ford Cobra, são raros e custam, em média, de US$ 300 mil a US$ 500 mil.

“A réplica brasileira tem competitividade porque é mais barata e tem qualidade”, diz Lopes. Mesmo direcionando a produção para a exportação, a Americar continuará produzindo cópias sob encomenda para o mercado interno. Segundo Lopes, o preço médio desses veículos é R$ 75 mil. No Grande ABC, a procura pelas réplicas é pequena. “O poder aquisitivo local (para esse tipo de carro) é baixo, mas tenho alguns clientes na região. Também já vendi réplicas para pessoas de outros Estados”, afirma.

A Americar realiza todas as etapas da produção na fábrica em Santo André. À exceção do motor e dos pneus, lá são fabricados todos os itens dos veículos: chassis, carroceria, suspensão, tapeçaria, pintura e acabamento, como retrovisores e detalhes internos. No Ford Cobra, é utilizado um motor Ford 8 cilindradas, com potência de 220 cavalos – usado atualmente em Mustang ou Ford Explorer. Já no Jaguar XK-120, é instalado o motor GM 6 cilindradas, com potência de 180 cavalos. Segundo o proprietário, os motores são sempre novos.

“A réplica é perfeita porque o trabalho é todo artesanal, e o veículo ainda pode ser personalizado. O cliente escolhe desde a cor dos bancos até o tom da pintura externa”, afirma Lopes. Como as peças são todas fabricadas pela Americar, a empresa oferece toda a assistência técnica. “No caso de clientes de outros Estados, enviamos a peça pelo Correio. Em algumas situações, é preciso trazer o veículo aqui”, explica.

Início – O empresário trabalha com réplicas  há oito anos. Começou sozinho, no galpão da própria casa. Hoje, tem  uma fábrica de 1,5 mil m², com 20 funcionários. Apesar de a Americar não possuir show-room, o número de pessoas que vão à fábrica para apreciar as réplicas é muito grande, segundo Lopes. Apesar da admiração que os carros provocam, ele avalia que a chance de roubo é baixa. “É impossível aproveitar as peças para outros carros. Além disso, o ladrão ficará com um “elefante branco”, já que um veículo como esses é muito fácil de ser localizado”.

Um grande problema para Lopes é conseguir mão-de-obra especializada para veículos clássicos. “Não existe aqui no Grande ABC. Mesmo que o profissional tenha trabalhado nas grandes montadoras da região, precisa de treinamento específico, o que toma muito tempo e acaba prejudicando o desenvolvimento do trabalho”, avalia.

O empresário explica que, com o aumento do trabalho, devido ao início das exportações, será necessária a contratação de novos funcionários. Mas, segundo ele, a grande dificuldade são os altos tributos e a rigidez das leis trabalhistas. “É muito caro registrar um funcionário. Eu gostaria de dar oportunidade para os jovens que se formam no Senai (Serviço Nacional da Indústria), mas o sindicato exige que sejam contratados como profissionais e não flexibilizam as normas para a contratação de aprendizes.”



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