Após cinco anos à frente do PT de São Bernardo, Wanderley Salatiel se despediu do cargo na sexta-feira. Ao fazer balanço do mandato, o petista se queixou principalmente do distanciamento entre a sigla e o prefeito Luiz Marinho.

O ex-dirigente afirmou que tentou aproximar o PT do chefe do Executivo, mas empecilhos foram colocados. “Não sei se essa dificuldade no diálogo foi colocada por ele (Marinho), mas não conseguimos avançar nesse sentido (de parceria)”, admitiu Salatiel.

Segundo ele, quando Marinho assumiu o comando da Prefeitura em 1° de janeiro de 2009, havia expectativa de reuniões bimestrais entre o chefe do Executivo e os agrupamentos do diretório, mas a proposta nunca foi concretizada.

No período em que comandou o petismo são-bernardense, Salatiel teve alguns entreveros com Marinho. “Ocorreram algumas divergências, mas isso ficou no passado”, reconheceu.

Salatiel foi um dos críticos da atuação política de Marinho, principalmente na composição da sigla no projeto de candidaturas à Assembleia Legislativa no ano que vem. Marinho bancou a candidatura da deputada estadual Ana do Carmo (que disputará a reeleição) e insuflou as empreitadas do presidente do São Bernardo Futebol Clube, Luiz Fernando Teixeira, e do sindicalista Teonílio Monteiro da Costa, o Barba.

“Três nomes (para buscar cadeira no Legislativo paulista) é demais. O ideal seriam dois candidatos a deputado estadual e dois a federal”, avaliou Salatiel. No entanto, o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, será o único petista de São Bernardo a pleitear assento na Câmara dos Deputados.

Salatiel também criticou a aprovação do Estatuto do Magistério. Segundo ele, a estrutura da peça permite que questões de interesse público não sejam discutidas pelo partido. “Esse foi um tema que levantou um intenso debate e nós não participamos”, reclamou o petista.

REALIZAÇÕES

Ao listar os feitos de sua gestão à frente do diretório do PT de São Bernardo, Wanderley Salatiel destacou a unidade estabelecida no diretório e as vitórias eleitorais no período, como o triunfo de Marinho em 2008, de Dilma Rousseff na corrida presidencial de 2010 e a reeleição do prefeito são-bernardense ano passado.

“Foram momentos históricos que, enquanto dirigente partidário, pude estar à frente. Reconduzimos o partido ao comando da cidade após 16 anos (última vez foi com Maurício Soares, entre 1989 e 1992)”, destacou.

O único lamento do ex-dirigente petista foi não conseguir gravar as mãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede do partido, no Centro. Salatiel tentou agendar uma cerimônia algumas vezes, mas não obteve sucesso.