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'Pantera Negra' vai além de um filme de herói

Longa milionário bate recordes e torna-se símbolo de representatividade moderna

Por Daniela Pegoraro
Especial para o Diário
25/02/2018 | 07:00
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Divulgação


 Pela primeira vez na história de Hollywood, um herói negro de relevância é protagonista das telas de cinema. T’Challa, mais conhecido como Pantera Negra, é a estrela de um filme em que a maioria arrebatadora do elenco é composta por negros. Com traços de cultura e tradições africanas, a figura do herói representa classe que foi marginalizada por anos e, hoje, vem tomando espaço. Para além de mais um filme da Marvel, a produção milionária (em torno de US$ 200 milhões) é conquista que tem significado muito aos que ali se veem representados.

Com tanta visibilidade, o longa ganha grande sentido político de força para os negros. O desenhista Nayan Bicalho, 25 anos, de Santo André, acredita que é a primeira vez que vê os negros colocados em um patamar acima nos cinemas. “O filme se preocupa em mostrar mais a capacidade que nós, negros, temos de conquistar do que a dor em si que o racismo provoca. Estamos tão acostumados a ver filmes e relatos históricos em que os negros sempre tiveram de lutar por direitos básicos do ser humano que, quando você vê, a força e o poder do povo de Wakanda até arrepiam.”

O longa se passa no continente africano, onde o reino tecnológico de Wakanda se esconde. Escapando das mãos de colonizadores, a nação independente recebeu um presente dos céus que foi decisivo para seu desenvolvimento: o meteorito de vibranium. O metal é cobiçado por ter a capacidade de absorver quase tudo, desde vibrações até grandes impactos. Após a morte do Rei T’Chaka (John Kani), o trono fica a cargo de seu filho, príncipe T’Challa (Chadwick Boseman). Assumir um reinado se mostra muito mais trabalhoso do que o esperado, especialmente quando um ladrão de vibranium está à ativa. Em busca de solucionar os problemas de sua nação, T’Challa descobre sobre o passado de a família e precisa lidar com o surgimento de um novo vilão: Killmonger (Michael B. Jordan).

Contar o resto do longa estragaria toda a trama. Isso porque ela é bem amarrada, embora alguns momentos sejam previsíveis de um filme de herói. A parte inovadora é a tradição e cultura que contém, a dedicação de mostrar algo que vai além da impressão que as produções norte-americanas tendem a passar: do mocinho que combate soldados maus, esses de qualquer outra etnia. “É um filme muito necessário para os tempos de hoje, ainda mais que trata a temática racial sem abordar o tema de maneira clichê”, comenta Bicalho.

FILME DE QUALIDADE
Chadwick Boseman tem uma boa atuação como Pantera Negra, mas quem rouba a cena é Michel B. Jordan, no papel do vilão Killmonger. Intenso e, ao mesmo tempo, dramático, o ator demonstra a forte presença e poder do personagem a cada momento em que a câmera foca nele. Um homem com boas intenções de justiça, mas cruel em suas ações. O roteiro, com isso, consegue trazer à tona toda a ideia de maniqueísmo, de que não existe algo totalmente bom, muito menos mau.

As mulheres também empenham papel essencial em todas as cenas, fugindo dos estereótipos cinematográficos. Desde a princesa Shuri (Letitia Wright), que desenvolve toda a parte tecnológica do reino, até a guerreira Okoye (Danai Gurira), a qual comanda todo o exército de Wakanda, inteiramente formado por mulheres. Claro que o destaque principal se dá a Nakya, interpretada por Lupita Nyong, premiada com um Oscar de melhor atriz coadjuvante com o filme 12 Anos de Escravidão. Com mulheres independentes, o longa traz o que seria mais próximo da utopia feminista de equidade e igualdade.

No fim de semana de estreia nos Estados Unidos, Pantera Negra arrecadou US$ 242,2 milhões em bilheterias, quebrando recordes. Até então, o ranking de arrecadação na estreia era comandado por Deadpool, com US$ 152,1 milhões.




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