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Região luta por novo carro da Ford
Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
17/09/2005 | 07:19
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A Ford do Brasil prepara uma série de medidas para reduzir custos, entre elas a terceirização de setores da indústria, para assegurar o desenvolvimento e produção de um novo veículo em São Bernardo. Um acordo neste sentido foi fechado entre a direção da empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT). Ou seja, a montadora se compromete a convencer a matriz norte-americana a destinar o projeto para o Grande ABC.

Entre os trabalhadores está clara a necessidade de garantir um novo carro para a região com o objetivo de garantir o nível de emprego – hoje são 4 mil trabalhadores na fábrica do bairro do Taboão. Para isso, a companhia precisa reduzir custos e tornar mais competitivo o preço final ao consumidor. A proposta foi encaminhada para avaliação da matriz nos Estados Unidos.

A Ford não confirmou o acordo com o sindicato, mas informa que um novo modelo de carro popular será produzido no Brasil, evitando definir se a produção será no Grande ABC ou em Camaçari, na Bahia.

A proposta para vencer a disputa com os baianos prevê a terceirização de alguns setores, como o de segurança patrimonial e parte da área de logística, além da implantação de um condomínio industrial de autopeças dentro da fábrica do Taboão, informou Rafael Marques, diretor do sindicato. O acordo estabelece ainda a redução do período de folga dos funcionários da ala da pintura.

Segundo o sindicalista, uma decisão oficial da companhia deverá ser anunciada em outubro. No entanto, o sindicato e a comissão de fábrica querem antecipar a decisão e agendar uma reunião no final de setembro com o presidente da Ford América do Sul – responsável pela filial brasileira –, Antônio Maciel Neto, para discutir o assunto.

O comprometimento da direção brasileira da Ford em garantir a vinda do produto para fábrica do Grande ABC mostra na prática sua intenção de cumprir um acordo firmado em 2001 com o sindicato do ABC, que garante estabilidade de emprego aos trabalhadores até 2006. Na ocasião, a montadora prometeu manter pesquisas para iniciar a produção de um novo modelo na unidade local.

Mais do que isso, há a sinalização de que o acordo pode ser renovado com o desenvolvimento de novo produto em São Bernardo, que hoje produz o Ka, o Fiesta Street, a picape Courier e caminhões da marca.

Custos – Marques destacou que o acordo fechado entre a empresa e sindicato permitirá uma redução média de US$ 70 por unidade produzida em São Bernardo, caso a matriz americana aceite a proposta. "Essas medidas tornarão o novo produto competitivo em relação aos concorrentes diretos."

O condomínio industrial deverá ser implantado no prédio dentro do complexo do bairro Taboão que atualmente está vazio – local da antiga ala de peças e acessórios da fábrica, detalhou o sindicalista. A idéia é aproximar os fornecedores da montadora para reduzir custos de transporte dos insumos.

O coordenador do Comitê Intersindical e do SUR (Sistema Único de Representação), Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, afirmou que os custos de produção são o principal entrave na discussão com a empresa, mas acredita na superação do impasse e, no futuro, na ampliação do número de funcionários na região.




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