Política Titulo São Caetano
Protesto tenta impedir governo Tite de
mudar local de biblioteca

Manifestantes se posicionaram de forma contrária à transferência da Paul Harris para espaço em sala de vidro na Secretaria de Educação

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
02/09/2021 | 00:07
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Claudinei Plaza/ DGABC


Manifestação em frente ao complexo que abriga a Biblioteca Paul Harris, de São Caetano, se deu ontem na tentativa de impedir que o governo interino de Tite Campanella (Cidadania) concretize a transferência do tradicional equipamento municipal, localizado em prédio de dois andares no bairro Santa Paula, para uma pequena sala de vidro nas dependências da sede da Secretaria de Educação, na Avenida Goiás.

O protesto concentrou aproximadamente 40 pessoas, entre escritores, frequentadores e políticos, que utilizaram faixas e cartazes contrários à decisão da Prefeitura.

Entre as principais críticas dos envolvidos no ato, que buscou ‘abraçar o prédio’ com dizeres de permanência do equipamento, estão que a deliberação do governo, encampada pela pasta de Educação, gerida por Fabrício Coutinho, ocorre sem diálogo com usuários, funcionários e sociedade civil. A mudança de local da biblioteca, em funcionamento desde 2002 – unidade foi fundada em 1954 em São Caetano – na estrutura localizada à Avenida Doutor Augusto de Toledo, 255, se dará mesmo sem a segurança necessária de acomodação adequada aos mais de 30 mil títulos no acervo público.

O governo já sinalizou que irá utilizar aporte de R$ 120 mil do governo federal para realocar o equipamento, com objetivo de renovar a biblioteca. O Paço alegou que o recurso será empregado para modernização do espaço, na casa de vidro. “Com a verba serão adquiridos novos equipamentos, além de softwares para instalação de e-books, por exemplo.”

O escritor Rodrigo Feitoza, 43 anos, integrante da Academia Popular de Letras de São Caetano, frisou que abaixo-assinado virtual contra a mudança acolheu mais de 1.500 adesões no período, visando, sem sucesso até agora, de reverter decisão do governo. “Vejo como atitude arbitrária, acontece sem discussão. Deveria haver, no mínimo, apresentação de projeto concreto, formal, a frequentadores, servidores. O espaço que querem levar a biblioteca é inadequado, sem condições de abrigar acervo, inclusive do ponto de vista da iluminação. Para conservação dos livros é péssima ideia.”

Autor de cerca de 40 livros, o escritor Cláudio Feldman, 77, alegou que a situação pesa não apenas para São Caetano. Morador de Santo André, ele frisou que é frequentador assíduo da unidade, onde já lançou publicações. “Não faz sentido fazer essa mudança sem ouvir ninguém sendo que a cidade apresenta hoje equipamento completo e bem estruturado, organizado. Tirar isso daqui (do complexo), para mim, é um crime, é desabar a cultura da cidade, todo o foco está concentrado na Paul Harris. É como colocar elefante numa casa de cachorro”, disse, em referência ao tamanho reduzido do novo espaço.

Alcione Zanini, 73, também escritora, reclamou da falta de anúncio sobre a medida – ela falou que ficou sabendo da notícia pela imprensa. “Queríamos ouvir deles (as razões). O espaço não é só acervo de livros. Tem eventos, saraus, encontros, leitura, contação de história. É decisão insana, muito infeliz, situação que mexe com a história.”

A vereadora Bruna Biondi (Psol), do mandato coletivo Mulheres por Mais Direitos, pontuou que a “modernização é importante”, mas que o procedimento poderia ser efetivado no local que hoje é a biblioteca. “Modernização teria que vir junto com a valorização do que já temos aqui. Não estão pensando em espaço de convivência, lugar de socialização, encontro de escritores. Não é depósito de livros. Há informação extraoficiais que há interesse que a secretaria de cultura venha para cá. A cultura deveria defender o patrimônio cultural, e não colocando em risco esse acervo.”

Coutinho fez vídeo, recentemente, ao lado da bibliotecária Ana Maria Guimarães Rocha, dando a versão oficial da medida. “Estaremos fazendo grande trabalho de modernização da biblioteca, que será incorporada à Secretaria de Educação.” Já Ana Maria relatou que com a biblioteca digital a cidade vai “atender mais rápido e com mais eficiência”. “Não perdendo acervo, que será abrigado no prédio da secretaria. Acredito que futuramente a população irá aplaudir as mudanças.” 




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