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S.Bernardo é a cidade do Grande ABC mais vulnerável à Covid-19

Município tem 30% da população da região, mas responde por 38,5% dos casos e 32,4% das mortes; administração foi a que mais recebeu repasses

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
07/06/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


São Bernardo é a cidade do Grande ABC que mais sofre com a pandemia do novo coronavírus. De acordo com os boletins epidemiológicos enviados pelas prefeituras, o município, sob gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB), já soma 76.217 diagnósticos positivos e 2.653 mortes ocasionadas pela doença. Os dados representam 38,5% das contaminações e 32,4% de todos os óbitos registrados na região até ontem, números superiores à representatividade populacional da cidade, que tem 30% dos 2,8 milhões de habitantes do Grande ABC.

Os outros seis municípios são atingidos pela crise sanitária de forma proporcional à sua população, com exceção do número de mortes registrado por São Caetano. A cidade, que tem 5,8% da população da região, responde por 9,1% dos falecimentos – em relação aos casos a conta é mais justa, com 6% de todos os contaminados. Santo André, que tem 25,7% de todos os moradores do Grande ABC, apresenta leve disparidade nos diagnósticos positivos, com 28,6% dos casos, mas em relação às mortes está proporcionalmente equivalente, com 26,3%.

Ao mesmo tempo em que se mostra mais vulnerável ao novo coronavírus, São Bernardo está no topo da lista entre as cidades do Grande ABC que mais receberam repasses do Estado e do governo federal para estancar a crise. De acordo com levantamento do TCE (Tribunal de Contas do Estado), até abril, o município da região já havia sido beneficiado com R$ 43.143.619, sendo R$ 24.789.496 enviados pelo Palácio dos Bandeirantes e R$ 18.354.123 pela União. Para efeito de comparação, a segunda cidade que mais recebeu repasses foi Santo André, com R$ 23.026.24 no total – R$ 10.402.051 do Estado e R$ 12.623.973 do governo federal – , ou seja, 46,6% a menos. Na conta por habitante, São Bernardo já recebeu R$ 51,09, enquanto Santo André teve direito a R$ 31,92.

Parte dos repasses recebidos por São Bernardo foi utilizada no HU (Hospital de Urgência), inaugurado em 14 de maio de 2020, ou seja, no início da pandemia. Com 80 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 170 vagas de enfermaria, o equipamento consumiu R$ 127,6 milhões dos cofres municipais, além de contar com auxílio financeiro de R$ 25 milhões do governo federal e de R$ 20 milhões do governo do Estado para aquisição de equipamentos médicos.

Mesmo com a ampla estrutura, São Bernardo não conseguiu dar conta da demanda e, no pico da segunda onda, entre março e abril, precisou recorrer à Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), assim como seis das sete cidades do Grande ABC – exceção foi Santo André –, para internar pacientes com Covid que estavam na fila à espera de leitos. Foram pelo menos 38 mortes de pacientes que não foram atendidos adequadamente, número inferior apenas ao registrado por Ribeirão Pires, que acumulou 40 óbitos de pessoas nestas condições.

A Prefeitura de São Bernardo, por meio de nota, argumentou que a cidade atende à demanda de municípios vizinhos e por isso ficou sobrecarregada. “São Bernardo possui atualmente uma das maiores estruturas de combate e acolhimento da Covid-19, ofertando atendimento para moradores da cidade, do Grande ABC e de toda Grande São Paulo. Durante este período de pandemia atendeu demandas de outras cidades do Grande ABC, considerando que Hospital de Urgência está credenciado no sistema Cross. Ao todo, São Bernardo oferta 537 leitos exclusivos para a Covid-19, 63 leitos a cada 100 mil habitantes. Foram dois hospitais permanentes entregues, 1.500 profissionais, além de outras ações contínuas. Todo o trabalho ofertado registra a menor taxa de letalidade do Grande ABC, 3,48%”, informou a administração. Ao contrário do que diz a Prefeitura, a menor letalidade da região é de Rio Grande da Serra, com 3%.




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