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Na região, 32.426 profissionais perdem emprego no 1º semestre

Pandemia provoca maior saldo negativo para o período ao longo da última década

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
29/07/2020 | 00:07
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Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas


A pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio o emprego no Grande ABC. No primeiro semestre deste ano, o saldo de postos de trabalho (contratações menos demissões) ficou negativo, com a dispensa de 32.426 profissionais com carteira assinada. Trata-se do pior resultado em pelo menos uma década. Para efeito de comparação, o que se perdeu em seis meses corresponde a praticamente a soma das demissões de dois períodos distintos – os primeiros semestres de 2015 (com 18,1 mil cortes) e 2016 (com 16,5 mil dispensas).

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério da Economia e tabulados pelo Diário.

No mês passado, foram contabilizadas 3.358 vagas a menos na região. Em junho de 2019, o saldo também estava negativo, em 950 postos, porém, no acumulado do ano, era positivo em 4.324 trabalhadores, ou seja, havia mais admissões do que dispensas.

Todas as sete cidades encerraram junho com demissões, com destaque para São Bernardo, que registrou o pior saldo negativo: 6.129 cortes. Em seguida aparece Santo André, com 5.153 demissões.

Não à toa São Bernardo foi a cidade que mais fechou postos formais, uma vez que tem forte polo industrial, sede que muitas fábricas tiveram de fechar as portas temporariamente e manter quase que 100% do quadro de funcionários em casa. Com a parada da produção, as suspensões de contrato e reduções de salário e jornada de trabalho (ferramentas oferecidas para as empresas que adotaram a Medida Provisória 936) não foram suficientes para muitos empregos serem mantidos.

“A indústria tem sentido bastante o impacto desta pandemia, diante do consumo extremamente reduzido, afinal, foram três meses parados, com produção a zero. As empresas não conseguem aguentar esse impacto de tanto tempo sem fornecer, sem faturar e sem girar o negócio. É, sem dúvidas, o setor mais prejudicado”, analisa o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema, Anuar Dequech Junior.

Ainda segundo ele, Diadema e São Caetano, por reunirem empresas do ramo automobilístico, também sentiram essa retração. O setor industrial foi o que mais fechou as portas: redução de 1.310 vagas em junho, seguido de serviços (-1.024), comércio (-880) e construção civil (-142).

Quando comparado junho deste ano com o mesmo mês de 2019 – quando o saldo foi de menos 950 vagas – nota-se que o volume de demissões foi três vezes e meia maior neste ano. “Esses fortes impactos apresentados nesse estudo só serão amenizados quando a atividade econômica do País se reerguer. E não há como prever quando isso irá acontecer, só acredito que será um processo lento. Estamos no início de uma retomada gradual, mas longe de já sentirmos um impacto positivo”, afirma o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio.

Para Maskio, a quarentena reduziu drasticamente a circulação de pessoas e consumidores, ao longo de três meses, principalmente. “A maior parte ficou em casa e viu sua renda familiar cair. Muitos ficaram desempregados e frearam o consumo, consequentemente. Isso vai se refletindo por toda a cadeia.”

O coordenador aponta que o setor de serviços sofre tanto quanto o industrial, uma vez que abastece muito as necessidades da indústria. “Engana-se quem pensa que serviços dizem respeito apenas a educação, saúde, da manutenção doméstica, cuidados pessoas, como os salões de cabeleireiro. Eles dependem muito do segmento industrial, por exemplo, os segmentos de logística, finanças, limpeza e telemarketing”, exemplificou.

NO PAÍS

Assim como na região, que entre maio e junho houve desaceleração das demissões, de 8.021 para 3.358, no País, o movimento também foi esse, mas com quedas muito mais acentuadas. Em todo o Brasil, em junho houve a menor perda de vagas desde a chegada da pandemia da Covid-19.

O saldo de postos ficou negativo em 10.984 empregos com carteira assinada no mês passado, enquanto que, em maio, a perda havia sido de 350.303 vagas – sucedendo o fundo do poço de abril, com fechamento de 918.296 postos de trabalho, e a destruição de 259.917 vagas em março. Entre março e junho, a perda de empregos formais para a pandemia em todo território nacional chegou a 1,539 milhão.

No Estado de São Paulo, o saldo em junho ficou negativo em 13.299 vagas e, no primeiro semestre, houve redução de 364.470 postos – sendo que quase 10% desse montante foi registrado no Grande ABC.
 




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