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Arábia Saudita quer ouvir ONU antes de ação militar
Por Da AFP
16/09/2002 | 11:57
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A Arábia Saudita, contrária a um ataque ao Iraque e ao uso de suas bases para lançá-lo, acabou aproximando-se da posição americana de ouvir a ONU antes de uma ação militar contra Bagdá.

O chanceler saudita, Saud Al-Faysal, indicou nesse domingo que Riad cooperaria com uma operação americana contra o Iraque com o aval do Conselho de Segurança da ONU. "Se a ONU decidir (...) aplicar sua política, cada país firmador da Carta das Nações Unidas terá que aceitá-lo", declarou o príncipe Faysal à rede de TV americana CNN.

A Arábia Saudita, líder das monarquias árabes do Golfo Pérsico, mostrou até agora publicamente sua oposição a um ataque americano contra o Iraque e afirmou que suas bases não servirão para iniciar uma ação militar contra aquele país. Sua recusa a se envolver na guerra do Afeganistão, apesar da insistência de Washington, originou uma minicrise em sua relação com os Estados Unidos, onde os meios de comunicação e congressistas iniciaram uma campanha de críticas ao regime Wahabi, acusado de laxismo frente ao extremismo.

O mal-estar levou os Estados Unidos a recorrer ao Qatar, vizinho da Arábia Saudita, para o envio de uma parte das tropas posicionadas na Arábia, que reúnem 5 mil militares. O Qatar, que já é o principal centro de armazenamento de armas americanas no Golfo, afirmou que vai levar em consideração qualquer pedido de Washington para utilizar suas bases em um ataque contra o Iraque.

É evidente que a Arábia Saudita, como outros países árabes, traiu a Carta da Liga Árabe (...) e sofreu pressões de Washington, que aplicou seu terrorismo político", disse Mohamed Mesfer, professor de Ciências Políticas da Universidade do Qatar.

Os 22 membros da Liga Árabe proclamaram no último dia 5, em Cairo, sua oposição "categórica" a um ataque contra o Iraque e convocaram Bagdá a dialogar com a ONU. Mas após o forte discurso contra o Iraque feito pelo presidente George W. Bush na última quinta-feira, na Assembléia Geral da ONU, o tom do discurso político do mundo árabe mudou.

"Depois do discurso de Bush, os países árabes não têm outra alternativa a não ser aceitar a vontade dos Estados Unidos, que encerrou o debate", explicou Daud AlCharyan, diretor do jornal árabe "Al-Hayat" em Riad e que tem acesso a dirigentes árabes.

Além de Arábia Saudita e Qatar, o Kuweit abriga tropas e equipamento militares americanos, enquanto o Barein é a sede da V frota da Marinha americana. Omã e Emirados Árabes Unidos oferecem facilidades a Estados Unidos e Grã-Bretanha, mas de forma mais discreta.




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