Jurandir Fernandes, ex-diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), afirmou que nao teve sucesso qualquer suposta tentativa de lobby que tenha sido feita a favor da empresa de informática Montreal, encarregada de prestar serviços ao órgao para o cadastro nacional de carteiras de habilitaçao e propriedades de veículos. O ex-secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas Pereira, é suspeito de ter feito lobby a favor da empresa Montreal para manter contrato com o Denatran feito sem licitaçao.

``Com toda a franqueza, nunca foi me transmitido qualquer pedido sobre a Montreal', disse o ex-diretor. ``Nunca recebemos telefonemas o sr. Eduardo Jorge', complementou. Segundo ele, o edital de licitaçao pública, lançado em maio passado, nao oferece nenhuma vantagem à Montreal por já operar o cadastro do Denatran desde o início de 1999.

A suspeita sobre o ex-secretário surgiu porque ele visitou em fevereiro passado o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antonio Anastasia. Segundo a assessoria do ministério, o ex-assessor da presidência nao falou em nome da Montreal. Disse que queria saber da licitaçao.

Fernandes disse que evitar vantagem à Montreal foi a principal preocupaçao na elaboraçao do edital. Para superar isso, foi concebida uma nova tecnologia de acesso aos dados das carteiras de habilitaçao e dos proprietários de veículos automotores. De acordo com o edital, o futuro sistema permitirá o acesso por meio da internet.

O ex-diretor lembrou que o contrato sem licitaçao foi firmado, em 1999, com a Montreal em razao de portaria do ministro Pedro Malan (Fazenda) que proibiu a empresa estatal Serpro de prestar serviços de informática fora do ministério.