"Está na hora de descansar." Desta forma, o vereador mais velho do Grande ABC anuncia a aposentadoria política. Aos 81 anos, Pastor Altino Moreira (PRB) encerrará a carreira junto ao término de seu terceiro mandato na Câmara de Mauá, no dia 31 de dezembro. Problemas de saúde pesaram na decisão.

"Foi muito bom poder ajudar o próximo aqui. Mas minha idade avançada não me permite continuar", atesta. No ano passado, o parlamentar chegou a se afastar das sessões legislativas por quase dois meses por enfrentar crises de hipertensão. Dentro do período, passou uma semana internado na Santa Casa de Mauá.

Nos quase 12 anos como vereador, Altino se manteve distante de debates polêmicos e raramente utilizou a tribuna - nem mesmo a oportunidade de fazer a defesa de seus projetos o estimulou a deixar a condição de coadjuvante.

No ano passado, porém, protagonizou situação no mínimo curiosa, emitindo parecer como secretário da Comissão de Finanças mesmo afastado devido aos problemas de saúde. O projeto em questão versava sobre a venda de área pública de 98 mil metros quadrados que atinge trecho do Rodoanel Sul. Na época, o vereador caiu em contradição, dizendo primeiro que um assessor encaminhou a peça à sua casa e depois que deu uma "passada rápida" na Câmara.

Em seu ano de despedida do Legislativo, Altino foca na tentativa de fazer sucessor. O escolhido para herdar a cadeira é o seu chefe de gabinete, Gil Miranda (PRB). Para tanto, promete disposição no apoio ao aliado durante a campanha eleitoral. "Vou apoiá-lo com energia."

Em nome de Deus - Pastor Altino ingressou na política tardiamente, aos 68 anos, quando já estava aposentado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Antes de disputar e ganhar a sua primeira eleição, em 2000 (pelo PL, hoje PR), trabalhou na evangelização de presidiários em Mauá.

Com o apoio da Igreja Universal, seu eleitorado permaneceu praticamente inalterado. O pior resultado nas urnas foi na estreia, quando conquistou 3.323 votos, e, o melhor, em 2004, quando angariou 3.420 votos.

Após se reeleger em 2008 com 3.323 votos, afirmou que não pensava em abandonar a política. "Pensar em parar é o mesmo que se aposentar da vida", considerou, à época.