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Momento de comemorar e refletir

Dia da Consciência Negra é celebrado na
região e na Capital com diversas atividades

Por Vinícius Castelli
20/11/2016 | 07:00
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Divulgação


 A agenda cultural na região está farta para celebrar hoje o Dia da Consciência Negra, data sancionada como lei federal e em que se lembra a morte de Zumbi, escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares e que morreu em batalha em 1695, lutando pela libertação de seu povo, hoje tido como símbolo da luta e resistência dos negros.

Muito se foi conquistado ao longo dos anos, mas, ao aproveitar o dia de hoje, seja com exposições, shows ou qual linguagem for, vale refletir acerca do quão oprimido o povo negro ainda é e do quanto muitas pessoas sofrem com discriminação. Para Robinho Santana, artista plástico de Diadema, o dia de hoje serve para reflexão e conscientização. “Uma data para relembrarmos fatos históricos, nos fortalecermos enquanto negros e também denunciar mais uma vez que o Brasil é um País racista, que não dá a devida importância ao negro e à história africana na formação da cultura nacional.”

Santana acredita que é uma boa hora também para que a população quebre tabus e aproveite a agenda artística, uma vez que a cultura negra ainda é marginalizada. “Não é à tôa que apertamos tanto na tecla da discussão da representatividade, o povo preto periférico não está nas galerias, nos grandes filmes, sendo representado de forma digna, não está incluso. Existe uma cena artística da periferia enorme, e por muitas vezes as produções são nossas para nós mesmos”, reflete ele.

Em Santo André, a partir das 9h, com saída do Largo da Estátua, no Centro, haverá a Caminhada da Consciência Negra. Já o Sesc andreense (Rua Tamarutaca, 302) oferece duas atividades gratuitas. Uma é a exposição O Meu Cabelo é Bom!, que pode ser vista até dia 27 e é ilustrada por 33 bonecas de pano negras que retratam a beleza e diversidade dos cabelos crespos e penteados afro. Outra opção é a oficina Penteados Afro>, das 14h às 17h.

Em São Bernardo, quem passar pelo Senac (Avenida Senador Vergueiro, 400) poderá ver a exposição Turbantes, da artista plástica Karin Albiero, em cartaz até dia 7. A entrada é gratuita. No total são 20 quadros que retratam a cultura negra, resultado de viagens da artista em locais como Caribe, Colômbia e México. Ainda em São Bernardo terá na sexta-feira, na Rua Dr. Flaquer, 208 (segundo andar), das 14h às 16h, roda de conversa com intervenção artística com o tema O Empoderamento das Mulheres Negras”. Grátis também.

Em São Caetano, a ideia é debater. Hoje, a partir das 17h, no Teatro Santos Dumont (Av. Goiás, 1.111), com entrada grátis, acontece papo sobre a história de formação do Conselho Municipal da Comunidade Negra de São Caetano, além da discussão da importância dos movimentos e apresentações de hip hop.
Mauá, no dia 25, terá o lançamento do documentário As Culturas Negra e Cigana em Foco, na Câmara Municipal (Avenida João Ramalho, 305), às 19h. A obra, dirigida pelo cineasta Heitor Werneck, é dividida em quatro vídeodocumentários, e aborda a cultura cigana e as rodas de resistência da cultura negra: o samba, a capoeira e o candomblé.

Thais Rosa OADQ, de Diadema, educadora social e militante nos coletivos Posse Hausa e Coletivo DiadeNêga, é uma das que abraçam a causa. Para ela, a principal importância do dia de hoje é de reconstruirmos a identidade da maioria da população brasileira, que é negra. A arte, para ela, fez com que seja hoje mais do que disseram que ela poderia ser. “Ter acesso a arte em lugares periféricos é abrir janelas em casas escuras e trancadas por uma estrutura social falida e excludente”, reflete ela.

Diadema, cidade de Thais, também celebra. O Espaço Cândido Portinari (Rua Graciosa, 300) recebe a mostra A Cultura Negra em Destaque, com obras de artistas da cidade que retratam a cultura negra como elemento de formação étnica e histórica do Brasil.

A programação da cidade, batizada Kizomba, Consciência Negra – Diadema no Centenário do Samba, Negritude em Festa, tem ainda no Museu de Arte Popular (Rua Professora Vitalina Caiafa Esquivel, 96) a mostra Negras Mãos, Artes Brasileiras, com peças de oito artistas afrodescendentes. Os trabalhos fazem críticas sociais e abordam religiões de origem africanas. Em cartaz até dia 6. A programação da cidade pode ser conferida no site www.diadema.sp.gov.br.

A Capital não fica de fora. O Museu Afro Brasil (Av. Pedro Álvares Cabral – Parque Ibirapuera) terá hoje show do grupo congolês Os Escolhidos, às 11h30, e outros em seguida. Há também mostra permanente que aborda religiosidade. Já o MIS comemora a data com música e gastronomia, com pratos típicos da Bahia. Tâmara David se encarrega do show 100 Anos de Samba, às 18h. A programação completa pode ser conferida no site www.estadodacultura.sp.gov.br. Outro que faz parte é o Itaú Cultural (Av. Paulista, 149), que recebe a Ocupação Abdias Nascimento, com legado do escritor, artista visual, teatrólogo, político e poeta.

Sermos todos vistos um dia de igual para igual é algo que muitos esperam e lutam por. Após o Brasil ter vivido cerca de três séculos de escravidão, Thais acredita que esse dia, da igualdade, há de chegar, ainda que ela não o veja em vida. “Mas tenho convicção que lutarei por isso até o fim”, conclui.




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