Setecidades Titulo BRT - Próxima parada
Ônibus de alta velocidade vai ligar região à Capital até 2023

BRT foi o sistema escolhido pelo Estado para conectar São Bernardo e São Paulo, passando por Santo André e São Caetano

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
16/05/2021 | 00:01
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DGABC


Desde que o governador João Doria (PSDB) anunciou no dia 3 de julho de 2019 que o BRT (sigla em inglês para ônibus de alta velocidade) foi o sistema escolhido para ampliar as conexões entre o Grande ABC e a Capital – substituindo a Linha 18-Bronze do Metrô –, os mais de 2,8 milhões de habitantes da região esperam que o projeto saia definitivamente do papel, o que está previsto para acontecer a partir de julho, quando está programado o início das obras do modal.

Será o começo da materialização da nova ligação por transporte coletivo entre São Bernardo e a Estação Sacomã, do Metrô, em São Paulo, passando por Santo André e São Caetano. Originalmente, o plano era a construção do monotrilho, a extinta Linha 18-Bronze do Metrô. Aprovado em 2014, o projeto sofreu diversas alterações, segundo o governo estadual, por questões financeiras. Sem recursos para arcar com as desapropriações, estimadas em R$ 200 milhões, a STM (Secretaria de Transportes Metropolitanos) adotou o BRT como modal mais adequado para a região, principalmente pelo menor custo de implementação.

O projeto da obra que viria a ser o primeiro metrô do Grande ABC chegou a ser licitado, em formato de PPP (Parceira Público Privada), com o Consórcio Vem ABC, que ainda discute a questão da rescisão contratual na Justiça. Os valores estimados eram de R$ 4,26 bilhões, mas, em 2018, já sob comando do governador João Doria, o Palácio dos Bandeirantes avaliava que seriam necessários R$ 6 bilhões em investimentos para viabilizar a obra. A solução foi, então, aproveitar a ideia de traçado do monotrilho – que em muitos pontos seria elevado, abrindo espaço para ciclovias na parte de baixo – para a implantação do BRT.

Os números do projeto são pujantes. O investimento, que será todo bancado pela iniciativa privada – a empresa Metra teve o contrato de concessão do Corredor ABD, que venceria em 2022, ampliado em 25 anos, ou seja, vai poder operar o sistema até 2046 em troca de se responsabilizar pela construção do BRT – é de R$ 859 milhões. A capacidade de transporte diário será de 115 mil pessoas, em 18 quilômetros de corredores que vão ligar São Bernardo a São Paulo em 40 minutos nas viagens expressas. A frota será composta por 82 ônibus elétricos e o sistema vai contar com 20 paradas e três terminais. O pagamento da tarifa será realizado antes do embarque, para garantir agilidade no percurso.

O secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Acácio Miranda, avalia que o BRT chega para suprir parcela da expectativa que a região tem com relação a uma conexão de transporte coletivo ágil com a Capital, luta que vem sendo encampada há mais de 20 anos pelo colegiado de prefeitos. O secretário destaca que, embora não atenda a toda a região – Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra ficaram de fora –, o BRT tem potencial para atrair importantes investimentos para as cidades. “Os municípios terão a oportunidade de mudar seus planos diretores, permitindo aumento de potencial construtivo nas áreas no entorno dos corredores”, citou. “Isso vai reverberar em uma expansão econômica e social”, completou Acácio.

A estimativa do governo do Estado é que em um ano e meio, ou seja, até meados de 2023 o sistema esteja pronto e funcionando. 


Série mostra como será funcionamento do sistema


O Diário vai publicar de hoje até sábado série de reportagens destinadas a explicar como vai funcionar o BRT, sigla em inglês para definir sistema de transporte rápido por ônibus, que o governo do Estado planeja começar a construir a partir de julho. A ideia é que os coletivos comecem a circular pelo corredor, entre São Bernardo e Capital, no início de 2023, após investimento de R$ 859 milhões. Todas as matéria podem ser lidas clicando aqui.

A proposta da série de sete reportagens é esclarecer à sociedade regional o que é e como vai funcionar o BRT. Questionamentos encaminhados pelos leitores aos canais de comunicação do Diário demonstram que ainda há muito desconhecimento sobre o modal, que sofreu forte oposição da sociedade civil organizada durante recente mobilização popular em defesa da chegada do Metrô.

Idealizada e planejada pela Secretaria de Redação e pela editoria Setecidades, a série de textos pretende tirar dúvidas sobre os processos de implantação e operação do BRT. Para tanto, vai recorrer a informações e dados técnicos fornecidos pelo Estado, pela concessionária que vai operar o sistema e também por empresas que fornecerão equipamentos utilizados em ambas as etapas.

Além da edição de hoje, onde o jornal faz a apresentação do projeto de BRT escolhido pelo governador João Doria (PSDB) e pelo secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, a série vai trazer o mapa com as 20 estações, a interligação com outros sistemas de transporte, como é um BRT por dentro, a rota universitária, a geração de emprego e os impactos sociais do empreendimento e, para finalizar, reportagem mostrando onde o modal já é considerado sucesso.

Para serem o mais didáticas possíveis, as reportagens vão ser complementadas por gráficos e artes, produzidas pela equipe do jornal, que ajudarão a entender o projeto do BRT, desde o momento em que as obras começarem até o momento em que o sistema transportar o primeiro dos 115 mil usuários previstos para utilizar o modal a cada dia.

Entrevistas com autoridades estaduais e técnicos especializados em transporte de massa e mobilidade urbana também vão ajudar na elaboração das reportagens, que ocuparão uma página diária no jornal, até sábado. “Estávamos devendo esta série explicativa sobre o BRT aos nossos leitores”, diz o diretor de Redação, Evaldo Novelini.

METRÔ
A chegada do BRT não vai colocar fim à campanha ‘O Grande ABC quer Metrô’, lançada pelo jornal em 21 de março de 2019 e que recebeu ampla adesão da população das sete cidades e de inúmeras lideranças da sociedade civil organizada. O Diário segue defendendo a chegada do modal à região, agora não mais pela Linha 18-Bronze, substituída pelo sistema de ônibus, mas pela Linha 20-Rosa, que, segundo informações colhidas com fontes do governo estadual, encontra-se neste momento em fase de elaboração de projetos.




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