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Encontro de orquestras faz sucesso em Sto.André
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
09/05/2005 | 11:26
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Sobraram aplausos e faltaram lugares no Teatro Municipal de Santo André sábado à noite, na apresentação da Orquestra de Violeiros de Mauá com a Sinfônica de Santo André. Dentro do teatro lotado, 475 pessoas sentadas e outras 50 em pé, ou sentadas no chão nos corredores, desfrutaram de uma apresentação irretocável dos dois grupos. Do lado de fora, pelo menos 150 pessoas tiveram de voltar para casa sem conseguir entrar. Diante do sucesso inesperado, a Petroquímica União e a Nery Cultural, respectivamente patrocinadora e produtora do evento, estudam manter a parceria entre as orquestras e agendar novas datas.

Quando a bilheteria abriu às 19h do sábado para distribuir os ingressos gratuitamente havia um grupo concentrado de pessoas aguardando desde às 18h30. Por volta de 19h20, a fila para retirar ingressos estava do lado de fora do saguão do teatro e se estendia pelo corredor externo ao lado do Salão de Exposições. Ao mesmo tempo, a fila dos que conseguiram ingressos e estavam prontos para entrar foi formada em paralelo àquela dos que imaginavam que conseguiriam entradas para a apresentação da noite de sábado.

Depois que a lotação do teatro ficou completa, cerca de 50 pessoas foram autorizadas a entrar com a ressalva de que só havia possibilidade de sentar no chão. Não houve uma segunda apresentação, nem no sábado nem domingo, para os que não puderam assistir ao concerto.

Quem se arriscou a sentar no chão, e quem conseguiu lugar na platéia, aplaudiu o espetáculo de pé, ao final da apresentação, aos gritos de “bravo” e “bravíssimo”. Porém, com uma pontinha de frustração pela duração do concerto, uma hora e cinco minutos cravados, incluindo o bis. Começou às 20h15 e terminou às 21h20. A sensação de que podia durar mais um pouco ficou evidente.

O público batia palmas, querendo bis. Foi atendido com a repetição da última parte da suíte que incluía Tristeza do Jeca e Saudade Vai, orquestração maravilhosa de Edmundo Villani-Côrtes. Finda a apresentação, os músicos da Sinfônica levantaram-se – a Orquestra de Violeiros permaneceu em pé – e chegaram a sentar-se novamente para continuar, mas foram chamados para os bastidores. Percebendo que não teria mais repeteco, o público começou a sair, mas os Violeiros ainda estavam no palco, sem saber direito se saíam ou se ficavam. A platéia os aplaudiu, mas também era hora de recolher as violas, violões e acordeão.

Concerto – A mistura de músicas sinfônicas de destino popular com canções e melodias sertanejas de raiz foi um feliz achado. A Orquestra Sinfônica, posicionada no palco diante da platéia, sob regência de Flavio Florence, foi irretocável na primeira parte com a abertura de A Flauta Mágica, ópera popular composta por Mozart, com a levada nordestina de Mourão, de Guerra Peixe, e Dança Húngara, de Brahms, que já foi trilha sonora de filmes de Charles Chaplin e de desenhos animados. Populares, portanto.

Na seqüência, a platéia soltou um “oh!” ao ver a parede do palco lateral esquerdo se abrir e revelar a Orquestra de Violeiros, formada por músicos amadores, de 12 a 80 anos, todos moradores de Mauá, regidos por Joelson de Moura Franco. Brilharam e receberam os mais efusivos aplausos da noite cantando clássicos como Cuitelinho e Berrante de Ouro – esta precedida de um berrante mesmo.

Na terceira parte, com as duas orquestras em cena, brilhou o compositor Edmundo Villani-Côrtes, que fez belos arranjos sinfônicos para músicas sertanejas. As ressalvas ficam para a duração do concerto e para a potência do microfone disponibilizado para os Violeiros, que tiveram suas vozes encobertas pelo som da Sinfônica nos momentos em que ambas orquestras estiveram juntas. Para os próximos concertos, que devem acontecer ao que parece, são dados a serem observados com o mesmo carinho que o público dedicou-lhes.



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