Diarinho Titulo Bombeiros mirins
Aprendizado na prática

Projeto social Bombeiros Mirins, que ocorre em Mauá, muda rotina de meninos carentes

Tauana Marin
Diário do Grande ABC
26/05/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Bombeiros são verdadeiros heróis sem capa. Essa é a definição desse profissional feita por Renan da Silva Conceição, 10 anos, que participa do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Bombeiros Mirins, em Mauá. “Sou fã do trabalho deles. Por isso me decidi: se eu não for um deles, serei médico, que também salva vidas.” Ele é um dos diversos garotos que fazem parte do projeto social da cidade e tem aproveitado ao máximo seu primeiro ano como participante. Temas como saúde, drogas, cidadania e meio ambiente são trabalhados com a ajuda de leituras, vídeos e reconstituição de possíveis ações da vida real.

Renan não escondeu a ansiedade pelos próximos meses de aprendizado. “Além de tudo que aprendo, ainda fiz amigos e brinco. Adoro esse lugar”, diz o menino, que visita o posto do Corpo de Bombeiros da Vila Noêmia três vezes por semana.

Segundo Daniel Rodrigues da Silva, 10, a dinâmica das aulas temáticas é fácil de ser entendida. “Gosto muito da parte de primeiros socorros. Agora sei o que fazer quando alguém engasga ou desmaia por passar mal”, comenta. “Aqui não tenho preguiça para nada, tanto que este é o segundo ano que participo e sempre aprendo alguma coisa diferente.”

Ryan Alessandro Peres da Silva, 9, está seguindo os passos do tio, que também fez parte da turma do Bombeiros Mirins de Mauá quando criança. “Ele sempre me incentivou e disse que valeria a pena. Me surpreendi. Estou gostando mais do que pensei.” O garoto destaca a disciplina como um dos pontos fortes do serviço. “É bom a gente aprender a ter postura e a seguir regras. Ainda assim, temos momentos de recreação com os amigos.” No futuro, Ryan sonha em ser engenheiro e ajudar a construir prédios que não deem trabalho para os bombeiros.

A existência do projeto chegou até Adriano Rabello Luiz, 10, por meio de sua mãe. “Ela é o amor da minha vida, tudo para mim. Então, quando ela disse que eu tinha conseguido fazer parte do grupo, sabia que seria muito bom para mim.” A paixão e gratidão por tudo o que tem aprendido com certeza darão um retorno e tanto para a sociedade. “Vou ajudar e proteger as pessoas. Quero ser bombeiro”, afirma.

Garotos são encaminhados às aulas

O serviço Bombeiros Mirins de Mauá existe há 26 anos, com o projeto ‘abraçando’ crianças com idade entre 9 e 13 anos de idade, em média. Durante 12 meses, cerca de 100 meninos – a estrutura atual do local não disponibiliza espaço para meninas, como vestiários próprios – estudantes do município têm a opção de fazer parte das atividades voltadas àqueles que se encontram em vulnerabilidade financeira, social ou psicológica (grupos familiares que são excluídos por algum desses motivos da sociedade).

Eles são encaminhados às aulas pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social) da cidade, podendo, em alguns casos, ficarem por mais um ano. Em geral, frequentam o espaço durante três dias na semana no período contrário ao turno escolar. Duas refeições também fazem parte da agenda.

Em estrutura no fundo do quartel local, realizam atividades educativas, aprendem sobre as práticas desenvolvidas pelos bombeiros, leem e brincam. Orientadores sociais, assistente social e psicólogo se juntam ao time que forma os bombeiros mirins. Todos devem andar uniformizados e cumprir as regras.

Carreira desafiadora requer esforços

Quem sonha em trabalhar a serviço do Corpo de Bombeiros no Brasil tem caminho com muito estudo e treinamento. A idade mínima para se candidatar ao trabalho é 18 anos e a pessoa precisa estar em dia com as obrigações eleitorais e com o serviço militar, além de ter ensino médio completo para participar de concurso público (prova de conhecimentos gerais e específicos) realizado em diversos pontos do Brasil.

Depois ser ser aprovado no questionário, o candidato é submetido a teste físico, sendo necessário realizar atividades como corrida, elevação do próprio corpo e natação. Na terceira etapa é feita investigação social da pessoa, que significa que ela não pode ter nenhum envolvimento com crimes. O participante ainda passa por avaliação médica, onde são verificadas suas condições de saúde física e mental.

O curso de formação de bombeiros tem duração de dois anos, em regime integral. Nesse período, o aspirante já recebe remuneração mensal. Após esse tempo, todos podem atender a qualquer ocorrência. Cursos específicos, como mergulho para lidar com afogamento, qualificam ainda mais o profissional para certos casos.

Os bombeiros militares servem ao Estado em ações de proteção social de interesse da comunidade, como resgates diversos. Já bombeiros civis são contratados pela iniciativa privada, casos de shoppings e eventos

Consultoria de Diego Lima Nunes, coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Bombeiros Mirins, de Mauá. 




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