Cultura & Lazer Titulo Fantástico
Internet que rompe barreiras
Por Gabriela Germano
Da TV Press
16/11/2008 | 07:00
Compartilhar notícia


Daria até para ver tudo pela tela do computador. Mas Regina Casé preferiu conferir de perto o crescimento das lan houses nos mais diferentes cantos do Brasil. E a partir deste domingo, ela registra esse movimento no Fantástico. O quadro Lan House mostra como elas funcionam. E como são usadas por pessoas com diferentes perfis. "Mais importante do que a queda do Muro de Berlim são as barreiras que a internet derrubou. Ela bagunçou os limites entre o centro e a periferia", avalia Regina.

Lan é a sigla inglesa para local area network, ou, em português, rede de aérea local, já que todos os computadores de uma lan estão conectados entre si. São nessas lojas que as pessoas pagam para navegar na internet, digitar trabalhos ou simplesmente se divertir com games.

Em um cyber café do Leme, bairro da Zona Sul do Rio, Regina grava algumas passagens do programa e recebe um convidado interessante, o garoto Maycon, de 12 anos. A história dele foi uma das selecionadas. Maycon cuida de uma lan house no Dona Marta, morro localizado no bairro de Botafogo, também no Rio.

"O dono é maqueiro no Engenhão e, quando vai para o estádio, sou eu que cuido do local", conta o menino, referindo-se ao estádio de futebol na Zona Oeste carioca. Muito articulado, ele diz que começou a mexer com computadores aos 5 anos, na escola. O que ele mais gosta de fazer é jogar, mas confessa que a máquina facilita sua vida nos estudos. "Foi muito mais fácil fazer uma pesquisa sobre os jogos Pan-americanos que a professora pediu. É melhor os meninos da minha idade se ocuparem com isso do que com drogas", defende Maycon.

Os exemplos vão muito além do Rio. Por enquanto Regina já esteve em São Paulo e na Bahia. "Mas Fortaleza foi interessantíssimo. Encontramos quatro pessoas que falavam até japonês porque passaram a ter acesso a músicas e personagens do Japão pelo computador", adianta ela.

Estevão Ciavatta, marido de Regina e seu parceiro em todas as empreitadas profissionais, conta que na verdade a idéia era fazer um quadro sobre música. "E começamos a perceber que várias letras estavam repletas de temas internéticos", resume. A partir daí, a idéia foi reformulada. "Se a gente mostrou que a periferia estar no mundo é uma revolução, a gente tinha de falar da periferia na internet. Esse é um passo à frente", acredita Estevão, que é o diretor do quadro.

Lan House será apresentado em seis domingos no Fantástico e ainda terá um especial de fim de ano na grade de programação da Globo. Mário Brandão, dono de um cyber café e presidente da ABCID, Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital, também conversou com Regina Casé. "As lans não nasceram na periferia, mas encontraram nesse espaço o terreno ideal", explica Mário, ao falar do papel desses locais como prestadores de serviço. "Tem gente que imprime segunda via de documento e checa até o valor da rescisão trabalhista", valoriza Mário, ao dizer que hoje existem 90 mil lan houses espalhadas pelo Brasil.

Com a descontração de sempre e ao lado de Mumuzinho, pagodeiro do Rio que também usa a internet para popularizar suas músicas, Regina diz que foi, inclusive, zoada no meio das gravações. "Perguntei sobre MP3 para alguém e essa pessoa me tirou, dizendo que eu não sabia nada de MP7", conta aos risos. Estevão emenda: "Você vê que a maioria começa autodidata e depois se torna praticamente técnico em computação", exalta. E as conexões vão além das barreiras nacionais. "Visitei Moçambique e a favela mais remota de lá se comunica comigo direto de uma lan house", completa Regina.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;