Turismo Titulo Homem, um coadjuvante
Outras estações
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
14/05/2009 | 07:00
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Os motores são acionados. A locomotiva começa a deslizar pelos trilhos e uma seqüência de paisagens verdes, povoadas por tamanduás, jacarés, araras e tuiuiús, começa a se vislumbrar pela janela diante dos olhos atônitos do ecoturista de primeira viagem. No Pantanal, não são os bichos meros coadjuvantes do mundo humano. Pelo contrário: os homens é que passam a atuar como figurantes no espetáculo regido pela natureza. Até que um zunido e o correr cada vez mais lento da locomotiva anunciam a chegada à primeira estação: Palmeiras. Hora de lembrar que o homem também tem seu espaço no palco. Mesmo que para um breve solo, de apenas 10 minutos, mas suficiente para fazer o passageiro acordar do transe hipnótico e contemplar sua própria arte assistindo a uma rápida apresentação cultural.

Sim, nós também fazemos parte disso tudo. Mas essa sensação de protagonista volta a se esvair assim que o turista retorna aos vagões. Impossível não sentir o ego murchar novamente diante da imponência dos morros do Chapéu, do Dedão e do Paxixi, do Bico da Arara e da Cachoeira do Morcego, na Serra de Maracaju. Ou, ainda, frente às emblemáticas praias fluviais, corredeiras e quedas d'água formadas pelo Rio Aquidauana, bem à margem da linha férreas, que de tempos em tempos testemunham os espetáculos das floradas e da piracema.

Próxima parada: Aquidauana, fundada em 1892 por coronéis e pelo major Teodoro Rondon. Considerada a mais desenvolvida do antigo Estado do Mato Grosso, a cidade deve sua fase áurea à estrada de ferro original. O descanso, de três horas, é suficiente para saborear uma feijoada de pintado ou qualquer outra especialidade de peixe pescado nas águas doces do sul pantaneiro.

Vale acelerar a digestão, no entanto, para conhecer alguns atrativos turísticos da região antes que o trem volte a partir, como a Casa da Primavera, a Igreja Matriz imaculada Conceição e a arquitetura do casario antigo. O rio que dá nome ao município também proporciona momentos memoráveis nos safáris fotográficos, boas pescarias e a possibilidade de praticar alguma variedade de esporte náutico.

Quem quiser estender a estada também pode agendar passeios de barco, cavalgadas, trilhas ou expedições noturnas para focagem de animais silvestres. Em setembro, na semana do feriado da independência, acontece a Pantaneta, ou Micareta do Pantanal, animada pela alta concentração de repúblicas estudantis na região. Mas se o seu intuito for seguir viagem, cuidado: não vá perder o trem. A parada de três horas, que no início parecia muito, passa voando.

De volta aos trilhos, chega-se à Estação de Taunay, que homenageia o escritor Visconde de Taunay, autor do livro A Retirada da Laguna, epopeia da Guerra do Paraguai ocorrida no Mato Grosso. Histórias à parte, o local ainda é reconhecido como referência nacional quando a discussão envolve a formação social de comunidades indígenas.

Aldeias também podem ser visitadas em Miranda: o ponto final do trajeto ferroviário, onde a atividade pesqueira atrai os aficionados por anzóis e garante fartas contribuições às mesas. É bem verdade que algumas restrições à pesca nas margens do Rio Miranda forçaram muitos hotéis a aumentarem a estrutura para receber ecoturistas.

Quem saiu ganhando foi o turista, que ainda conta com confortáveis fazendas repletas de opções de atividades para quem deseja ver os bichos do Pantanal ou simplesmente vivenciar o dia a dia do autêntico pantaneiro na lida com o gado. Difícil embarcar na viagem de volta...

Guia de viagem

COMO CHEGAR

A TAM (www.tam.com.br) opera voos diários entre São Paulo e Campo Grande com preços a partir de R$ 439 (ida e volta).

Pelo site da Gol (www.voegol.com.br), é possível encontrar bilhetes de ida e volta para a capital sul-mato-grossense com preços a partir de R$ 358.

A partir do dia 27, a Azul (www.voeazul.com.br) operará a rota Campinas-Campo Grande com preços a partir de R$ 478 (ida e volta).

* As tarifas acima não incluem taxa de embarque e podem variar conforme a disponibilidade de assentos.

TREM DO PANTANAL

Cumprirá diariamente o trecho de 220 quilômetros entre Campo Grande e Miranda, com parada em Aquidauana. O percurso dura aproximadamente sete horas, com saída de Campo Grande às 7h30 de sábado e partida de Miranda às 8h30 de domingo. As passagens custam R$ 39 na classe econômica, R$ 77 na turística e R$ 126 na categoria executiva e nos camarotes.

PACOTE

A BWT Operadora desenvolveu pacotes que incluem Bonito e passeio pelo Trem do Pantanal com preços a partir de R$ 1.628 por pessoa, em apartamento duplo. O valor inclui passagens aéreas entre São Paulo e Campo Grande; bilhete de trem, em vagão turístico, com serviço de bordo, comissário, lanche e refrigerante; três noites de hospedagem com café da manhã (duas noites em Bonito e uma em Campo Grande); passeio pela Gruta do Lago Azul; flutuação no Rio Sucuri com almoço; traslado entre Campo Grande e Bonito, seguro e bolsa de viagem. O valor pode ser parcelado em até seis vezes sem juros. Tel.: (0xx67) 3029-0759.

Site: www.bwtoperadora.com.br.

ONDE FICAR

Hotel Jandaia (Campo Grande) - Diárias a partir de R$ 210 por casal, com café da manhã. Tel.: (0xx67) 3316-7700. Endereço: Rua Barão do Rio Branco, 1.271. Site: www.jandaia.com.br.

Pousada Aguapé (Aquidauana) - Até o fim de junho, as diárias saem a partir de R$ 536 por casal, com pensão completa e dois passeios por dia (cavalgada, caminhada ecológica, safári fotográfico, focagem noturna de jacarés, passeio de barco, pescaria de piranhas, passeio de charrete e manejo de gado). Nos meses de julho e agosto o valor sobe para R$ 580 por casal, com as mesmas inclusões. Acesso pelo Km 497,5 da BR-262 para Miranda. Tel.: (0xx67) 3258-1146 e (0xx67) 9986-0351.

Site: www.aguape.com.br.

Refúgio Ecológico Caiman (Miranda) - Até o dia 30, a diárias saem a partir de R$ 594 por adulto, em apartamento duplo de categoria standard, incluindo pensão completa e atividades de contemplação da fauna e flora pantaneiras na companhia de guias especializados (trilhas, cavalgadas, safári fotográfico, passeio de canoa canadense e focagem noturna de animais). A partir do dia 31 até 3 de janeiro do ano que vem, o valor sobe para R$ 657, nas mesmas condições. O estabelecimento funciona somente com pacotes fechados de quinta-feira a domingo ou de domingo a quinta-feira. Endereço: Estrada para Agachi (37 quilômetros). Central de reservas em São Paulo: 3706-1800.

E-mail: caiman@caiman.com.br. Site: www.caiman.com.br.




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