Política Titulo Investigação
PF apura repasses de empresa de Lula a Marcos e família Demarchi

Força-tarefa da Lava Jato investiga se pagamento de
empreiteiras da Petrobras beneficiou filho do petista

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
29/12/2016 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Investigações da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal) sobre a empresa de palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Lils Palestras e Eventos, apontaram que a companhia do petista repassou recursos ao vereador de São Bernardo Marcos Lula (PT) – filho do ex-chefe da Nação – e à família Demarchi, tradicional em São Bernardo. A suspeita é que as partes podem ter sido beneficiadas com manobra de ocultação de propina paga a Lula por empresas investigadas pela Operação Lava Jato.

A força-tarefa da Lava Jato apura se as preleções feitas por Lula maquiaram verbas ilegais de empresas que tinham contratos com a Petrobras. A PF indicou que a Lils recebeu R$ 28 milhões entre 2011 e 2016 e que R$ 10 milhõs (35% do total) vieram de empreiteiras ou bancos investigados na Lava Jato – como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão e BTG Pactual.

Diante de quebra de sigilo bancário, investigadores da PF e do MPF descobriram que, desses R$ 28 milhões em receita da Lils entre 2011 e 2016, R$ 138,1 mil foram para Marcos Lula – por meio do comitê de campanha do petista em 2012, quando venceu disputa pela vereança de São Bernardo e também da empresa FlexBR Tecnologia, da qual ele é sócio junto com o irmão Sandro Luis.

Outros R$ 350 mil foram para Demarchi Soluções em Alimentação, companhia pertencente a Vinicius Felipe Demarchi, filho de Albino Tadeu Demarchi e sobrinho de Laerte José Demarchi, antigos proprietários do tradicional Restaurante São Judas Tadeu, localizado na Rota do Frango com Polenta de São Bernardo e cuja atividade foi encerrada no começo do ano. Laerte nutre bom relacionamento com Lula.

O laudo assinado pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto cita que Laerte Demarchi tem relações econômicas com Carlos Roberto Cortegoso, antigo dono da Focal Confecção e Comunicação, gráfica que prestou serviços à campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e que é investigada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por susposto crime de lavagem de dinheiro – a acusação é a de que a empresa de pequeno porte de São Bernardo não teria condições de atender as demandas de uma campanha presidencial. Cortegoso foi garçom do Restaurante Florestal, também da Rota do Frango com Polenta. O perito recomendou a quebra de sigilos fiscal e bancário das empresas da família Demarchi, que precisa ser avalizada pela Justiça.

Por nota, Laerte Demarchi confirmou que recebeu o dinheiro da Lils a título de empréstimo e que o contrato de repasse de verba foi firmado com o Restaurante São Judas e não com a Demarchi Solução em Alimentação. Ainda de acordo com o empresário, Vinicius apenas foi testemunha do acordo. “O dinheiro serviu para pagar folha de pagamento do restaurante, que já vinha em processo de crise financeira e tivemos de recorrer a amigos e conhecidos. Infelizmente o restaurante foi vendido num valor para que pudéssemos pagar as rescisões dos funcionários. Não conseguimos pagar os empréstimos, inclusive esse com a Lils.”

Marcos Lula não foi localizado para comentar o caso. Ele não se reelegeu em outubro. 




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