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Fast-food ataca vesícula de crianças, dizem especialistas
Fabiana Chiachiri
Do Diário do Grande ABC
04/10/2003 | 18:12
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Hábitos alimentares pouco saudáveis têm aumentado a incidência de pedra na vesícula entre crianças e adolescentes na faixa de 10 a 15 anos, segundo gastroenterologistas da região ouvidos pelo Diário. Eles garantem que pacientes dessa idade têm procurado cada vez mais seus consultórios com esse tipo de problema, sempre considerada mais comum entre adultos.

Existem dois tipos de cálculos de vesícula: os que são formados por desequilíbrio em um dos componentes da bílis (água, sais biliares e colesterol) e os pigmentados, que são causados por doenças sangüíneas. Apenas o segundo aparecia com freqüência em crianças.

Para o gastroenterologista Hélcio Pinheiro Teles, de Santo André, crianças obesas, sedentárias e que não têm alimentação balanceada são mais propensas a desenvolver cálculos formados por desequilíbrio em um dos componentes da bílis.

“Atualmente, os alimentos possuem mais gordura e colesterol, e esses ingredientes são um veneno para a vesícula, pois aumentam a probabilidade de formação de cálculos”, disse.

No caso das meninas, o surgimento da doença pode estar associado também ao início da puberdade. “Parece que existe uma relação com os hormônios, que começam a aumentar nessa fase.”

A formação de cálculos na vesícula começa com cristais, que se transformam em microcálculos e, mais tarde, chegam às chamadas pedras. De acordo com João Luiz de Miranda Rocha, gastroenterologista e chefe do PA (Pronto Atendimento) do Hospital Brasil, de Santo André, antigamente, só se ouvia dizer que mulheres com muitos filhos e obesas é que tinham cálculo na vesícula.

“Esse conceito mudou. Tenho observado muitas crianças com o problema por causa da má alimentação. Hoje é muito comum comer bolachas recheadas, requeijão e lanches em fast-food. Esses alimentos são ricos em gordura e colesterol”, disse.

A grande maioria dos pacientes com cálculo na vesícula são assintomáticos, ou seja, não sentem nada. “Mas muitas pessoas podem ter enjôos, dores abdominais sem localização exata e vômitos. Nesses casos, o médico deve investigar para descobrir se o cálculo não migrou da vesícula para o canal, aumentando a dor e levando (a pessoa) a eliminar urina de cor mais escura”, disse a gastroenterologista pediátrica do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, Regina Helena Mattar.

Tratamentos – Os especialistas são unânimes em afirmar que o melhor tratamento é a cirurgia. “Alguns tipos de cálculo respondem a tratamento com ácido ursodeoxicólico. Por outro lado, pode desencadear outras pedras. A retirada da vesícula ainda é a melhor solução e não há porque se preocupar, já que o organismo se adapta rapidamente sem esse órgão”, afirma Teles.

A única função da vesícula é armazenar a bílis, que não pára de ser produzida após a retirada do órgão. A bílis é um líquido expelido pelo fígado e que auxilia no processo de digestão.




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