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Famílias são removidas de área particular em Utinga

Moradores ocupavam terreno há dois meses na Rua Fernão Dias e saíram pacificamente

Por Renata Rocha
Especial para o Diário
11/04/2014 | 07:00
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André Henriques/DGBC


Cerca de 200 famílias foram retiradas ontem de terreno particular na Rua Fernão Dias, no bairro Utinga, em Santo André. Os ocupantes estavam na área há cerca de dois meses e saíram pacificamente. A reintegração de posse foi iniciada por volta das 6h. Segundo as famílias, elas só teriam sido avisadas na noite anterior e desocuparam o local sem nenhum auxílio da Prefeitura.

“Não estou valendo um real, virei cachorro sem coleira. Não nos deram nada, só promessas durante esses dois meses, e agora nos tiram daqui. Estão levando nossos poucos pertences para uma praça, nem lugar para guardar nossas coisas tivemos”, lamenta o pedreiro Agnaldo de Lima, 40 anos.

A luta para erguer moradias no local incluiu dois protestos no mês passado. Em um deles, os ocupantes pararam a Avenida dos Estados. O outro foi realizado em frente à Prefeitura, onde foram recebidos pelo prefeito Carlos Grana (PT) após dois deles se algemarem. O grupo saiu do Paço com sensação de vitória, pois conseguiu marcar reunião com o secretário de Habitação, Paulo Piagentini. “A comissão que tenta conseguir moradia para o pessoal da ocupação foi à reunião, mas o secretário disse que infelizmente estava de mão atadas e não podia fazer nada porque se trata de terreno privado”, disse Juliana Barros da Silva, 28, uma das líderes da ocupação.

A reintegração de posse, que durou por volta de quatro horas, contou com a presença da Polícia Militar, Tropa de Choque, Defesa Civil, além de duas coordenadoras do Conselho Tutelar que vinham acompanhando a situação dessas famílias nos dois meses de ocupação. “Nosso trabalho é garantir que as crianças que viviam aqui serão encaminhadas para um lar seguro, e não separá-las de suas famílias. Apesar das condições de moradia, as crianças iam para a escola e são bem cuidadas por aqui”, disse uma das coordenadoras.

Segundo os moradores, o único incidente durante a reintegração foi causado por duas assistentes sociais que teriam oferecido às famílias que fossem para um albergue. Houve início de tumulto e os policias, a pedido das famílias, retiraram as funcionárias do local. “Não somos moradores de rua, nem usuários de drogas. O pessoal aqui é trabalhador. Agora elas vêm oferecer para a gente ir para o albergue, onde só entra adulto. O que elas acham que eu vou fazer com meus filhos? Abandonar?", questiona a garçonete Maria do Socorro, 37, que mora com os filhos de 15 e 8 anos. “Falei com uma amiga e ela vai me acolher por um tempo, mas isso é humilhante. Não estamos pedindo esmolas e sim moradia.”

Procurada, a Prefeitura voltou a afirmar que nada pode fazer pelas famílias por se tratar de área particular. A orientação é que procurem o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) para se cadastrar em programas de auxílio. 




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