Romário marcou três dos cinco gols brasileiros na goleada contra a Bolívia, neste domingo, no Maracana, e ajudou o técnico Wanderley Luxemburgo a viajar para Sydney com um pouco mais de tranqüilidade, diante de todos os problemas extra-campo que têm atormentado sua vida. Prestigiado e assediado, o Baixinho defendeu Luxemburgo, mas deixou seu recado.

Logo após o apito final, um repórter de televisao perguntou se o técnico da Seleçao estaria arrependido por nao tê-lo convocado para as Olimpíadas. A resposta veio com um sorriso maroto no rosto: "deve estar, deve estar". Romário fez questao de frisar que cumpriu a tarefa a que foi designado: foi chamado para fazer gols e cumpriu, três vezes.

Na saída do estádio, o craque parou para conversar com os jornalistas e amenizou as declaraçoes, ressaltando que quer ajudar o Brasil e chegou com vontade de ficar. "Meu pensamento é continuar na Seleçao. Vai depender aí do nosso treinador." Romário negou as suspeitas, levantadas por ele mesmo, de que Brasil x Bolívia seria sua última partida com a camisa amarela. "Eu vou jogar pela Seleçao até quando tiver motivaçao, e eu estou com muita agora", garantiu.

O abraço em Wanderley Luxemburgo na hora do terceiro gol foi para mostrar que nao há mais rusgas entre os dois, segundo Romário. Satisfeito e consciente de sua importância para a Seleçao e para a goleada sobre a Bolívia, o Baixinho disse que nao mais guarda mágoas por estar fora da equipe olímpica. "Eu queria estar lá com eles, mas os que estao em Sydney merecem."

Ele explicou que conversou com o técnico e o assunto foi esclarecido. "Isso aí já passou. A gente tem que torcer para o Brasil e eu tenho que continuar meu trabalho no Vasco", declarou. "Desejo a eles, de coraçao, sorte. Nao estou aqui para fazer política com ninguém, que nao é meu jeito", afirmou o atacante, tentando mostrar que nao há mais problemas.

Defesa - Romário até posou de advogado de Luxemburgo e saiu em favor do técnico. "Tem que separar o Wanderley cidadao brasileiro do Wanderley treinador da Seleçao", disse o atacante, que ressaltou que os problemas pelos quais passa Luxemburgo sao normais e podem acontecer com qualquer um.

Ele reconheceu que o momento do treinador é difícil, nem tanto pela instabilidade dentro de campo, mas pelos problemas fora dele. Mesmo diante do cenário pouco favorável, em que a vida pessoal do técnico aparece mais nos jornais do que a profissional, o atacante revela quem é o melhor do país em sua opiniao: "é o Wanderley, da Seleçao".

O melhor jogador de futebol do mundo, para o Baixinho, é um colega que esteve com ele no Maracana, neste domingo. "É o Rivaldo, nao é? Ele mostrou de novo que é o número um e a gente fica muito feliz em estar junto com ele", declarou, cheio de modéstia.