O ministro do Interior britânico, Jack Straw, voltou a afirmar que nao existe nenhuma razao para que Augusto Pinochet deixe de ser extraditado à Espanha, depois de diversas manobras jurídicas, nos últimos seis meses. "Estamos extremamente satisfeitos que Jack Straw tenha reconhecido que um só caso de tortura é suficiente e constitui um crime pelo qual o general Pinochet deve ser julgado", afirmou Brendan Paddy, da organizaçao Anistia International, que lutou durante meses pela extradiçao do general.

"Este é o dia que as vítimas de Pinochet têm esperado durante 25 anos", afirmou, por sua vez, Reed Brody, da organizaçao Human Rights Watch. "Enviá-lo de volta ao Chile teria garantido sua impunidade", afirmou, argumentando que com outro veredicto contra Pinochet, a margem de apelaçao de seus advogados se reduzirá. "Isto significa que Pinochet terá finalmente que responder diante de um tribunal por seus crimes", disse.

Reaçao parecida teve Diane Dixon, do Comitê Chileno para a Justiça. "Nestas circunstâncias sem precedentes, (Pinochet) deveria ir à Espanha e comparecer perante um tribunal; continuar com a batalha legal e seu enorme custo nao tem sentido", declarou.

Por sua vez, os defensores do general mostraram sua insatisfaçao com a decisao de Straw. Patrick Robertson, porta-voz de Pinochet, afirmou que a decisao demonstra que o governo britânico "quer julgar o general" e nao é imparcial. Robertson afirmou que a decisao do mês passado, tomada pela Câmara dos Lordes, em que a acusaçao se reduziu de 32 a duas acusaçoes ao ex-ditador chileno, mostrou que o procedimento de extradiçao nao tem sentido. "A verdade é que o general Pinochet só pode ser julgado por todas as acusaçoes num lugar, e esse lugar é o Chile", afirmou.

Fernando Barros, colaborador de Pinochet e coordenador do Movimento de Reconciliaçao Chileno, afirmou que esta decisao abala a Justiça no Reino Unido. "Straw nao escutou os pedidos do governo democrático do Chile e decidiu confiar no (juiz espanhol) Baltasar Garzón, que impoe um caso com motivaçoes políticas", afirmou. "Assim nao se faz nenhum favor ao Chile, a única coisa que isto significa é mais tempo e mais sofrimento para o Senador, para o Chile e para a Gra-Bretanha", disse.