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Wagner Moura se rende à TV
Por Roberta Brasil
Da TV Press
19/08/2003 | 07:09
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No cinema, Wagner Moura virou uma espécie de curinga. Pode interpretar tanto um simplório nordestino, como em Deus É Brasileiro, de Cacá Diegues, e Caminho das Nuvens, de Vicente Amorin, como um presidiário viciado em crack, como em Carandiru, de Hector Babenco. Em três anos, ele fez nada menos que oito filmes, entre eles O Homem do Ano, Abril Despedaçado e As Três Marias. Mas, na televisão, Wagner ainda está nos primeiros quilômetros de estrada, literalmente. Em Carga Pesada, ele interpreta Pedrinho, filho de Bino e afilhado de Pedro, vividos por Stênio Garcia e Antônio Fagundes, respectivamente. “Tenho tido a sorte de fazer trabalhos envolventes. E Carga Pesada traz uma história de amizade, que contagia a todos”, afirma o simpático baiano de Salvador.

Na primeira safra do seriado, Wagner participou de apenas um episódio. Foi o bastante para garantir presença no elenco fixo, ao lado de Fagundes e Stênio. Da nova temporada, ele já gravou cinco dos oito episódios. Para compor o universitário com alma de caminhoneiro, o ator buscou na memória as aventuras da versão original de Carga Pesada, que assistia quando criança, e também os causos de um tio caminhoneiro. “Pena que ainda não o encontrei para saber o que ele achou do seriado. O homem está sempre na estrada!”, diz, com uma pontinha da antiga admiração infantil.

TV PRESS - Como foi a transição do cinema para a TV, com o Carga Pesada?

WAGNER MOURA - Achei muito tranqüila. Não é como fazer novela, em que o ator grava direto. O Carga Pesada é mais leve. Acho até parecido com o cinema. Tem uma equipe pequena, um clima familiar. Além disso, a própria história do seriado é sobre amizade e isso contagia a todos. Felizmente, só tenho feito trabalhos envolventes, tanto no cinema, quanto no teatro e, agora, também na televisão.

TV PRESS - Você assistia à versão original do Carga Pesada?

MOURA - Assistia e adorava! Tanto os episódios antigos como as histórias do meu tio Everaldo, que é caminhoneiro, ficaram no meu imaginário infantil. Sempre vi o ofício de caminhoneiro como uma profissão romântica, ligada à aventura. Esse meu tio é um cara aventureiro, vivido. Ele me ensinou a andar de moto aos 11 anos. Pena que, até agora, ainda não consegui encontrá-lo para saber o que achou do seriado. Minha mãe disse que ele gostou. Mas eu não consigo ouvir isso dele porque o cara está sempre na estrada!

TV PRESS - Mas você também não pára. Oito filmes em três anos não é muito?

MOURA - Queria até mais! Sempre quis fazer cinema. Mudei para o Rio com a temporada da peça A Máquina, de João Falcão, junto com o Lázaro (Ramos) e o Vlad (Vladimir Brichta). Até então, eu só tinha feito um filme norte-americano. É engraçado como a gente canaliza as coisas na cabeça e elas acontecem. Vlad é um cara que sempre quis fazer televisão e o caminho dele foi todo direcionado para a TV. Eu sempre quis fazer cinema. E as coisas foram acontecendo para mim. Acredito que a gente atrai aquilo que mentaliza.

TV PRESS - Que lembranças você traz das filmagens de Caminho das Nuvens, que estréia em setembro?

MOURA - Não consigo dissociar a história do filme, sobre um retirante nordestino, da história do meu pai e das pessoas que conheci durante a minha vida. Meu pai deixou o sertão em um pau-de-arara, com 17 anos. Foi lavar copo, virou porteiro, sempre naquela luta. Eu fiquei muito emocionado também porque, pela primeira vez, faço um pai, e logo um pai de cinco crianças! Quando a gente exibiu o filme para o presidente, ele se emocionou porque era também a história dele. E eu fiquei aos prantos!

TV PRESS - Você vem interpretando tipos considerados bem brasileiros.

MOURA - É muito bacana fazer personagens que tenham a ver com a realidade do nosso país. O nordestino, o matador, o estudante, o viciado. São as várias faces do Brasil. Faces de trabalhadores, de caras que estão à margem da sociedade, seja pela via da criminalidade ou da exclusão. Fico muito orgulhoso de estar representando brasileiros em um momento em que o Brasil tenta se descobrir através do cinema.




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