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No fundo do poço

Frederico Branco, mestre do jornalismo, cunhou uma frase fantástica: "Tem coisa que pode, tem coisa que não

Por Carlos Brickmann
12/10/2011 | 00:00
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Frederico Branco, mestre do jornalismo, cunhou uma frase fantástica: "Tem coisa que pode, tem coisa que não pode".

Tem coisa que pode: Hugo Chávez pode enganar o Governo brasileiro e a Petrobras, pode prometer investir 40% do valor de uma nova refinaria de petróleo, pode exigir que a refinaria tenha o nome de Abreu e Lima, general brasileiro que lutou ao lado do venezuelano Simon Bolívar, pode, tantos anos depois, até agora não ter enfiado a mão no bolso; pode até brincar de investir com o dinheiro do BNDES, dinheiro brasileiro, em vez de usar capital venezuelano para isso.

Tem coisa que não pode: depois de tudo isso, Chávez ainda exigir prestação de contas da Petrobras é humilhação demais. E é humilhante por dois motivos:

1 - Pode ser que Chávez queira apenas driblar o prazo em que deve botar o dinheiro na refinaria, que vence em 30 de novembro; pode ser que queira apenas bancar o difícil, dar mais uma canseira aos que aceitaram associar-se a ele;

2 - pode ser que Chávez saiba de coisas que não sabemos e tenha motivos para exigir a auditoria. A Petrobras, por exemplo, estima o custo do equipamento para processar o petróleo venezuelano (mais pesado, com mais enxofre que o brasileiro) em US$ 400 milhões. A PDVSA venezuelana diz que o equipamento custa entre US$ 150 e US$ 200 milhões. É muito atrevimento desses gringos ousados - mas quem pode garantir, conhecendo certos hábitos de nosso país, que eles estão errados? Se estiverem certos, aí sim a humilhação será pesada.

Ele é o bom

Enquanto isso, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, recebeu o prêmio de Executivo de Petróleo do Ano, outorgado pelo jornal International Herald Tribune e pelo grupo Energy Intelligence com base na votação de altos executivos de cem grandes empresas de petróleo. Motivo: as contribuições de Gabrielli à indústria internacional do petróleo. Justíssimo: entre outras coisas, mantém a Petrobras como grande importadora de gasolina, mesmo depois de o então presidente Lula ter anunciado que o Brasil era autossuficiente em petróleo.

O Toddynho e sua dona

O Toddynho com detergente, que intoxicou algumas dezenas de pessoas, foi submetido ao controle de qualidade da Pepsi, sua fabricante; deveria ter sido jogado fora, mas acabou no mercado. A informação é do diretor da unidade de negócios da marca, Vladmir Maganhoto. E a Pepsi só descobriu que o Toddynho com detergente estava no mercado quando as reclamações começaram a chegar.

Deve ser coincidência, claro. Mas em seu livro "A Odisseia", hoje esgotado, o executivo John Sculley, que foi presidente mundial da Pepsi (e, depois, da Apple - foi quem, na época, demitiu Steve Jobs), conta como a empresa tratava o Brasil. Na época, a Elma Chips, divisão de alimentos da Pepsi, fritava suas batatas em caldeirões abertos, o suor dos empregados se misturando ao óleo comestível. Sculley faz uma descrição bem interessante do controle de qualidade na época.

Questão de sebo

"A Odisseia", de John Sculley, foi editada em 1998 pela Best-Seller. Hoje só é encontrada em sebos, a preços que variam de R$ 6 a R$ 75. É onde este colunista, que cometeu o erro de emprestar seu exemplar, terá de procurar outro.

Os candidatos 1

Não, não pense que só Tirulipa, filho de Tiririca, será candidato à vereança (em Fortaleza). Thammy, filha de Gretchen, sai em São Paulo (seu partido é o PR, de Valdemar Costa Neto, do ex-ministro Alfredo Nascimento e de Tiririca). Em compensação, Sérgio Mallandro rejeitou o convite do ex-deputado Roberto Jefferson para ser candidato no Rio, pelo PTB, por achar que viraria piada. Bobagem: a diferença entre ele e tantos outros é que ele usa dois "ll".

Os candidatos 2

Nesta quinta o PSDB apresenta outro programa de TV, desta vez com quem reclamou por ter sido deixado de fora do primeiro. Lá estarão Serra, Fernando Henrique, Aécio. E - bomba, bomba, bomba! - estará também o Grande Vingador Tucano, o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra. Agora vai!

Giselle e a anti-Giselle

A quinta será um dia quente: o Conar deve julgar o "processo ético 225/11", aquele em que a ministra de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, pede a retirada dos anúncios da lingerie Hope com Giselle Bundchen. "A publicidade intima as mulheres brasileiras a fazerem uso de seu ‘charme' (exposição do corpo e insinuações) para amenizar possíveis reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano", diz a representação de Sua Excelência. A ministra está com  a razão: este colunista tem certeza de que ela jamais faria uma coisa desse tipo.

Tal e qual

O comediante Rafinha Bastos, sob fogo pesado após uma série de piadas que somaram a falta de gosto à falta de humor, está fora da Rede Bandeirantes. Sim, houve pressão de associações, de patrocinadores, de muita gente. Mas o mais importante não foi isso: foi o Ibope do programa CQC, que se manteve estável na ausência de Rafinha. A conclusão de que ele não faz falta decidiu o caso.




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