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Três a cada 20 profissionais da saúde tiveram Covid-19

No Grande ABC, pelo menos 3.798 testaram positivo, equivalente a 15% do efetivo municipal, e sete morreram

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
25/10/2020 | 00:01
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Creative Commons/Agência Brasil


Dos 25.548 profissionais da saúde que atuam na rede municipal do Grande ABC, pelo menos 3.798 (15%) foram infectados pelo novo coronavírus – média de 16 por dia – desde março. Destes, sete morreram. Os dados são das prefeituras da região e apenas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram até o fechamento desta edição.

No Brasil, último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, em agosto, indicou que 257 mil funcionários da saúde foram diagnosticados em todo País e destes, 226 morreram. Entre os casos, os mais atingidos foram técnicos e auxiliares de enfermagem (34,4%), enfermeiros (14,5%), médicos (10,7%) e agentes comunitários de saúde (4,9%).

Presidente do SindSaúde ABC (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Saúde do Grande ABC), Almir Rogério Mizito explica que, além da categoria estar na linha de frente do enfrentamento à pandemia, ainda falta aprimoramento. “Desde o início da pandemia, não testam os assintomáticos e ainda não há segurança para retirada dos EPIs (Equipamentos de Segurança Individual), como cortinas ou túneis de desinfecção”, aponta.

Nos primeiros meses da pandemia, inclusive, a falta de EPIs era um dos principais problemas enfrentados pelos trabalhadores do setor. Em julho, a APM (Associação Paulista de Medicina) divulgou pesquisa que indicava a falta de equipamentos como máscaras, aventais e óculos, era parte da rotina de 59% dos profissionais.

Para João Eduardo Charles, presidente da regional de São Bernardo e Diadema da APM, a falta de EPIs e de informação sobre o tratamento da Covid-19 já foram “devidamente tratadas” na região. “Perder um profissional é sempre muito grave, mas estatisticamente é um índice baixo. Tudo foi um aprendizado e hoje estamos adequadamente servidos”, avalia.

Segundo ele, o ideal seria que o volume de testagem fosse maior não apenas entre os funcionários da saúde. “Vivemos em um País com muitas dificuldades, com problemas orçamentários graves. Os testes foram feitos dentro do possível. O ideal seria se tivéssemos feito mais e mais testagens, mas não se encontrava materiais devidamente qualificados”, afirma.

ALÉM DO VÍRUS
Outro problema enfrentado pelos profissionais que estão na linha de frente é o desenvolvimento de doenças psiquiátricas. Em julho, pelo menos 69,2% dos trabalhadores relataram ansiedade, 63,5% informaram estresse e 50,2% sentiam sobrecarga emocional, segundo a pesquisa da APM.

Não à toa, cerca de 220 profissionais foram afastados desde o início da pandemia por alguma questão psicológica, de acordo com dados das prefeituras do Grande ABC publicados pela equipe do Diário neste mês. Além disso, ao menos 680 profissionais procuraram por apoio ou aconselhamento nos serviços que foram criados pelas administrações municipais para atendimentos psicológicos e escutas qualificadas.  




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