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A Osteoporose além de nossas condutas
Antonio Carlos do Nascimento
12/10/2020 | 07:00
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A osteoporose é a principal causa de fraturas em pacientes a partir dos 50 anos de idade, com maior prevalência nas mulheres no pós-menopausa e nos homens após 65. Embora as abordagens cirúrgicas tenham melhorado sensivelmente, incluindo o menor tempo de cirurgia e os cuidados no pósoperatório, os riscos inerentes a estas fraturas permanecem elevados, principalmente por contemplar grupo etário propenso a outras patologias debilitantes.

A formação óssea se dá pela geração de um arcabouço proteico, composto principalmente de um tipo específico de colágeno e nessa matriz são agregados os componentes minerais, notadamente fósforo e cálcio. Porém, existe uma constante renovação protagonizada por dois tipos celulares, os osteoblastos, responsáveis pela produção da matriz nova (arcabouço orgânico-principalmente colágeno), e os osteoclastos, estes destinados ao caminho inverso, a absorção óssea.

Nas condições ideais existe um equilíbrio permanente entre as ações osteoblásticas e osteoclásticas, enquanto na osteoporose ocorre o predomínio da atividade absortiva.

Além do transcurso natural do envelhecimento favorecer a absorção e diminuir a formação óssea, inúmeras variáveis interferem na intensidade desse processo.

Assim como todos os órgãos, os ossos estarão formados a partir do terceiro trimestre intrauterino, com estruturas e dimensões definitivas determinadas pelo fechamento das placas de crescimento ósseo que ocorre por volta dos 18 anos.

Segue-se um período de platô funcional que evolui para declínio qualitativo celular difuso que ocupará tempo variável.

Da vida intrauterina até a vida adulta este movimento é gerido por vários hormônios: na fase de crescimento o protagonismo é encampado pelos hormônios do crescimento e tireoidiano; a partir da puberdade os hormônios sexuais assumem papel crescente.

A prática de exercícios, na infância e adolescência, incrementa a produção do hormônio do crescimento, assim como a atenção à saúde da criança e adolescente detectarão eventuais distúrbios tireoidianos. Porém, os exercícios físicos têm grande importância na saúde osteoarticular do adulto, assim como a função tireoidiana deve ser vigiada periodicamente.

Em média a partir dos 35 anos de idade passa a ocorrer lenta e progressiva atenuação da densidade óssea, que no sexo masculino é mais expressa depois da sexta década, enquanto nas mulheres o processo é bastante exacerbado durante a menopausa, o que dimensiona a importância dos hormônios sexuais neste contexto. A presença de osteopenia (densidade óssea pouco diminuída) ou osteoporose na mulher no período que precede a menopausa pode ser condição indicativa de terapia de reposição hormonal.

Estima-se que no Brasil cerca de 35% das mulheres com mais de 45 anos são afetadas pela osteoporose, o que torna extremamente importante a pesquisa rotineira para esta possibilidade em pacientes a partir dos 40 anos, entretanto, a periodicidade dessa investigação dependerá dos achados iniciais.

Algumas condições contribuem para a ocorrência de Osteoporose precoce e/ou mais severa, entre as doenças os destaques são Diabetes e Hipertireoidismo, enquanto sedentarismo, má-alimentação, pouca exposição solar, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas são os comportamentos mais associados a esse comprometimento ósseo.

Embora o Diabetes não seja exatamente uma escolha, cuidar da alimentação e praticar exercícios são boas condutas contra o ganho de peso, principal fator predisponente para Diabetes tipo 2, contudo, uma vez diabético, tipo 1 ou 2, rigoroso controle minora os riscos para a evolução osteoporótica.

O Hipertireoidismo é condição bastante relacionada com a exagerada absorção óssea e deve ser imaginado pelo clínico que investiga osteoporose. A exposição solar tem enorme participação na ativação da vitamina D, componente de extrema relevância para a saúde de nosso esqueleto. Enquanto o tabagismo e o etilismo crônico devam ser evitados também por incontáveis outros motivos.

Na conclusão do que foi exposto fica a certeza que bons hábitos nos protegem, mas não blindam ossos ou outros órgãos contra o imponderável, que aliado ou não ao inevitável envelhecimento, nos obrigam a avaliação médica periódica.




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