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Toyota vai transferir centro de pesquisa de S.Bernardo a Sorocaba

Montadora também admite que pode vender ou alugar prédios administrativos com a mudança da sede no início de 2021 ao Interior

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/09/2020 | 00:06
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Denis Maciel/DGABC


Além da transferência da sede administrativa da Toyota em São Bernardo, onde estava desde 2015, para Sorocaba, no Interior, para onde vai em janeiro de 2021, o Centro de Pesquisa Aplicada da montadora também está de mudança marcada.

Inaugurado em 2016, o espaço destinado ao desenvolvimento de tecnologia da marca foi o primeiro a ser construído na América Latina – só existem outros centros do tipo na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. A ideia era aumentar o índice de nacionalização de componentes automotivos e desenvolver novos projetos.

O Centro de Pesquisa Aplicada integrou investimento de R$ 70 milhões da montadora japonesa entre 2015 e 2017, na revitalização da planta de São Bernardo. O aporte foi fruto do programa do governo federal Inovar-Auto, que incentivou o desenvolvimento de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) no setor automotivo até dezembro de 2017.

Saiu do centro de pesquisa na região, por exemplo, em 2018, o primeiro protótipo de híbrido com motor de combustão interna flex, ou seja, movido tanto com o uso de gasolina e etanol como a eletricidade. O projeto foi desenvolvido em conjunto entre equipes de engenharia de São Bernardo e do Japão.

Na avaliação do coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV Antonio Jorge Martins, a decisão de acompanhar a mudança da sede para Sorocaba, onde há unidade fabril mais moderna e mais próxima das outras plantas, em Porto Feliz e Indaiatuba, também no Interior, visa ampliar a racionalização de recursos e competitividade – embora represente para a região uma perda do ponto de vista de desenvolvimento de tecnologia. “Existe uma forte crise no setor automotivo em que o mercado está 35% menor do que no ano passado e, diante disso, as montadoras têm buscado alternativas para se adequar à nova realidade e compensar a queda na produção e nas vendas. Algumas, inclusive, têm demitido”, apontou.

A Toyota afirmou, inclusive, que como parte de um planejamento de longo prazo para tornar a empresa mais enxuta e competitiva, os prédios onde hoje funcionam os setores administrativo e de engenharia, poderão ser vendidos ou alugados.

Segundo Martins, o cenário não é exclusividade brasileira, pois o mercado mundial está caindo, ao passar de 89 milhões para 70 milhões de unidades ao ano. “Não à toa, temos visto volume intenso de parcerias entre as marcas para fazer frente ao avanço de empresas de tecnologia no desenvolvimento de carros autônomos”, assinalou.

PDV

De acordo com a Toyota, já foi aberto PDV (Programa de Demissão Voluntária) para todos os colaboradores do setor administrativo em todas as plantas no País. “As pessoas interessadas têm até o fim de outubro para se pronunciar. O plano tem benefícios adicionais, incluindo manutenção do plano de saúde por um período de tempo e consultoria de RH (recursos humanos) para recolocação no mercado de trabalho, entre outros”, informou a empresa, sem detalhar os benefícios. “Esse plano pretende chegar a 300 pessoas e todas elas terão o suporte e o respeito por toda a sua contribuição para a Toyota do Brasil.”

Procurado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que desconhece que a abertura do PDV já foi efetuada, uma vez que haverá reuniões entre a entidade e a montadora de hoje até sexta-feira para a definição das condições do programa.

MUDANÇA

Conforme o Diário noticiou na edição de sábado, a sede administrativa da companhia, hoje no bairro Planalto, seguirá para a planta de Sorocaba, onde há cerca de 2.000 colaboradores e são fabricados os modelos Etios e Yaris. Trata-se da unidade mais moderna no País, inaugurada em 2012.

Atualmente, a fábrica de São Bernardo produz componentes que abastecem a planta de Porto Feliz, e motores do Etios, Yaris e Corolla. A unidade também exporta peças para os Estados Unidos, para montagem do Camry. Na fábrica da região, a mais antiga da Toyota no Brasil, fundada em 1962, há em torno de 1.700 trabalhadores. A empresa garantiu que não há planos para a extinção da produção na cidade.

Na segunda-feira, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), se reuniu com a diretoria da montadora e se colocou à disposição para tentar rever a situação e fazer com que o setor administrativo permaneça na cidade. Sobre o encontro, a Toyota disse que foi para comunicar da decisão e “reforçar que a fábrica segue em operação, como um importante hub (concentrador) de exportação”.

(Colaborou Yara Ferraz) 




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