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Após dois meses internada, idosa se recupera da Covid

Aposentada passou 22 dias entubada; médico alerta para necessidade de manutenção do distanciamento físico

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
17/09/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


 Uma segunda chance. É assim que a família da aposentada Maria Conceição Lopes, 69 anos, define o que aconteceu na sua vida. Após 68 dias internada, 22 deles entubada, a moradora de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, teve alta na manhã de ontem do Hospital Santa Ana, em São Caetano. Agora ela integra o grupo de mais de 3 milhões de brasileiros que se recuperaram da Covid-19.

Apesar de aposentada, Maria Conceição ainda trabalhava como consultora de vendas, aos fins de semana, e reconhece que demorou a parar a atividade. Também agiu com negligência, faz questão de citar, ao ir para a praia em julho, onde passou uma semana.

Quando começou a se sentir mal, achou que fossem os sintomas de uma gripe forte. Voltou da cidade de Praia Grande, onde tem um apartamento com a irmã, para Osasco, onde mora. A filha Michele Sena Rivera, 45, saiu de Campinas, onde vive com a família, para encontrar a mãe e levá-la ao médico. Maria Conceição já tinha feito um exame, do tipo PCR (que colhe material do nariz e da faringe), que deu negativo.

Quando passou no médico, sua saturação baixa – nível de oxigênio no sangue, normalmente em 100 e com indícios de problemas abaixo de 89 – indicava que seu caso era grave. Preocupada, a filha pagou por uma ressonância. “Devido à gravidade da situação, ela já foi internada e entubada no hospital de campanha de Osasco”, relembrou Michele.

Era dia 10 de julho. Maria Conceição foi transferida para o Hospital Santa Ana no dia 19 do mesmo mês, ainda entubada. Antes desta transferência, outra havia sido planejada, mas seu estado de saúde era tão delicado que os médicos decidiram esperar mais tempo. “Todos os dias a equipe dizia que ela podia morrer”, afirmou o filho Fábio Sena, 48. “A lição que fica de tudo isso é que Deus é bom”, concluiu Sena, que é pastor de uma igreja evangélica.

Aos poucos, a paciente foi reagindo ao tratamento, mas ainda teve que enfrentar um quadro de infecção, adquirida no ambiente hospitalar. Recuperada, Maria Conceição agora quer curtir a família. “Foram muitos dias lutando pela minha vida. Tive força de vontade e contei com a ajuda de Deus e desta equipe maravilhosa, que me deu todo carinho e atenção”, afirmou.

A equipe elogiou a postura otimista e positiva da paciente, desde que foi desentubada. A psicóloga Kelly de Souza Moreira, que acompanhou o caso de Maria Conceição, explicou que o suporte psicológico é fundamental no processo de recuperação da doença e que o bom astral também faz diferença. “Quanto mais o paciente se mantiver animado, maiores as chances de ele se recuperar”, afirmou. “Sempre fui uma pessoa ativa e com determinação. E Deus esteve comigo em cada momento”, completou a paciente.

Maria Conceição reconheceu que foi imprudente ao ir para a praia no meio da pandemia e aconselhou que as pessoas tenham mais precaução. “Na praia são muitas pessoas, a gente pode ter contato com alguém que está contaminado e não sabe. As pessoas têm que ter consciência que é uma doença grave, que para mim quase foi fatal”, finalizou.

O infectologista do Hospital Santa Ana, José Raphael Ruffato, lembrou que a retomada das atividades econômicas tem dado às pessoas uma falsa sensação de normalidade. “Temos tido queda nos casos graves, mas o número de novas infecções ainda é muito alto. Não é hora de abandonar as medidas de prevenção, o uso da máscara e do distanciamento físico” afirmou.




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