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Casal passeia no shopping e deixa poodle morrer a 45 graus no carro
Por Rodrigo Cipriano
e Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
11/01/2006 | 08:09
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Quarenta minutos. Esse foi o período em que uma cachorra permaneceu trancada dentro de um carro nesta terça à tarde antes de morrer no estacionamento do ABC Plaza Shopping, em Santo André. Enquanto o cão agonizava dentro do veículo, a uma temperatura estimada de 45 graus, seus donos – um casal de namorados acompanhado por uma criança – almoçavam na praça de alimentação do shopping.

Alertada por uma cliente, os seguranças do shopping chegaram a injetar oxigênio dentro do Tempra, por uma mangueira encaixada no vão da janela, na tentativa de prolongar a sobrevida de Cindy, como era chamada a poodle. Pouco tempo depois, o local foi cercado pela Polícia Militar, que quebrou um dos vidros do Tempra para resgatar o cachorro. Já era tarde. O animal estava morto, sob o painel do carro, junto aos pedais, no único ponto de sombra que havia dentro do veículo.

Durante toda a operação, os seguranças do ABC Plaza disseram ter chamado o proprietário do carro pelo sistema de alto-falantes do shopping, mas não obtiveram sucesso. Pouco depois da janela ter sido quebrada, o casal de namorados e a criança apareceram no estacionamento. Um grupo formado por cerca de 30 pessoas que acompanhava a confusão da calçada da avenida Industrial chegou a chamá-los de “assassinos”.

Ao saberem da notícia, os três entraram em estado de choque. “A gente não sabia que isso ia acontecer. Esse cachorro é nossa vida. Dorme com a gente na cama”, afirmou o garçom Marcus Rubens Sena Duarte, 24 anos, dono do cachorro. Segundo Sena Duarte, ele e sua namorada encontraram o cachorro há cerca de duas semanas. “Ele apareceu em casa. Foi um presente e tanto. Se tivéssemos comprado, não teria sido tão bom. Ele era carinhoso. Todo mundo gostava dele”, disse.

O garçom chegou ao shopping acompanhado por sua namorada e o irmão dela por volta das 14h. Após passearem por mais de uma hora com o cão pelas lojas, foram repreendidos por um segurança ao entrarem com o poodle na praça de alimentação. “Ele disse que o cachorro não poderia ficar ali. Então o levei para o carro. A gente ia comer rapidinho”, explicou Sena Duarte. Segundo o shopping, esse é um procedimento padrão. O garçom alega que não escutou os chamados do sistema de alto-falante do shopping que pediam sua presença no estacionamento. O caso terminou na polícia. Um boletim de ocorrência foi registrado no 4º DP de Santo André e o casal de namorados responderá por praticar ato de abuso a animais, previsto no artigo 32 da lei 9605 de 1998 que trata sobre questões relacionadas a crimes ambientais. Se condenado, o casal está sujeito a pena de três meses a um ano de reclusão, mais o pagamento de multa.

De acordo com o instituto meteorológico Climatempo, a temperatura por volta das 16h – horário em que foi constatada a morte – era de 28 graus no aeroporto de Congonhas, que se assemelha a de Santo André. Às 15h, era de 30 graus. Com base na temperatura externa, o físico Clayton Ferreira de Figueiredo, professor do colégio Singular de Santo André, afirma que o calor chegou aos 45 graus dentro do veículo onde foi deixado o cão. “O fato de o carro ser preto colaborou para esquentar ainda mais o veículo. A cor preta retém calor”, disse o físico.

A veterinária Cyntia Peixoto, doutora pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), afirma que a combinação da falta de ventilação com a temperatura elevada dentro do carro faz esquentar o aparelho respiratório do cachorro. Assim, o corpo de animal pode chegar a 42 graus, o que o impede de respirar e o leva a um colapso, com parada cárdiorespiratória. “Em uma situação como essa, o cãozinho primeiro sente taquicardia e dispnéia (respiração acelerada). Depois, tem convulsão, desmaia e morre. Isso pode ocorrer em menos de meia-hora”, disse.

Animais nos shoppings

Shopping ABC – O consumidor pode circular com o animal de estimação por todo o shopping, desde que o carregue no colo. Só é permitida a entrada de cachorros de pequeno porte. Existe um pet shop no piso Loft, o ABC Dog, tel.: 4468-1648. Banho de 1 hora (R$ 12 a R$ 53) e tosa de até 2 horas (cerca de R$ 40), o preço varia de acordo com tamanho e pêlo do cachorro.

ABC Plaza Shopping – Podem entrar animais de pequeno porte, que caibam no colo do dono. Tanto na praça de alimentação como no fraldário, é proibido circular com animais. O shopping tem pet shop anexado ao Extra, tel.: 4979-5284. O pet shop Portal dos Filhotes oferece banho de 40 minutos (a partir de R$ 14) e tosa de uma 1 hora e 30 (a partir de R$ 20). Geralmente, todas as gaiolas ficam lotadas. Mas, quando há espaço, a loja deixa o cachorro lá de graça por 20 minutos.

Metrópole – Permite entrada de cães de pequeno porte, com até 35 centímetros, e de gatos. Devem ser conduzidos com coleira e guia curta. Só não podem circular pelas seções da praça de alimentação, cafés, cinemas, Clubinho Metrópole, Playland e banheiros. Áreas essas em que apenas portadores de deficiências visual ou motora podem entrar com cachorros. Não há pet shop no Metrópole.

Mauá Plaza Shopping – Aceita clientes com animais domésticos (pequeno e grande porte) no colo, pelos corredores do shopping. O cão deve permanecer o tempo todo com seu dono. Conta com o pet shop Clínica Veterinária São Francisco, tel.: 4514-6039. Aceita deixar o cachorro em gaiola por duas horas (cerca de R$ 5) sem ter de fazer banho ou tosa. Tosa de 1 hora (a partir de R$ 20) e banho também de 1 hora (a partir de R$ 20).



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