Política Titulo Mauá
Prestes a ser terceirizada,
Sama ainda serve de moeda

Autarquia de água de Mauá, cujo serviço será entregue à Sabesp, segue como garantia de apoio político

Por Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
12/01/2020 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Prestes a ser entregue à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), autarquia criada nos anos 1990 para gerenciar os serviços de água em Mauá, ainda é usada como moeda em acordos políticos na cidade.

Atualmente a Sama é chefiada por José Francisco Jacinto, o Icão. Ele foi alçado ao posto em outubro, com o retorno do prefeito Atila Jacomussi (PSB - foto) – conquistou liminar na Justiça paulista anulando o impeachment. A nomeação de Icão fez parte de acordo para trazer para a base governista o vereador Chiquinho do Zaíra (Avante), responsável pela indicação do aliado na autarquia.

A entrega da Sama em troca de apoio político, porém, não é novidade. Em alguns casos, inclusive, envolvem os mesmos personagens. Icão, por exemplo, já foi superintendente da Sama, em 2007, também por indicação de Chiquinho. Naquela época, o então prefeito Leonel Damo não tinha governabilidade na Câmara e nomeou Chiquinho – mesmo sem mandato na casa era um dos líderes da oposição – ao comando da Sama para garantir maioria no Legislativo.

A autarquia voltou a ser usada como moeda de troca na terceira gestão de Oswaldo Dias (PT, 2009-2012), que recebeu apoio de Diniz Lopes (PSB) no segundo turno do pleito de 2008 e, após a vitória, o nomeou como superintendente.

Esse mesmo filme se repetiu nas eleições de 2012, quando o prefeito Donisete Braga (ex-PT, hoje Pros) conduziu Atila, então ex-prefeiturável, à chefia da Sama após apoio no segundo turno. O socialista permaneceu no posto até 2014, quando deixou a autarquia para disputar, com êxito, cargo de deputado estadual.

Levantamento feito pelo Diário mostra que, nos últimos 15 anos, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou 11 contas da Sama e rejeitou os gastos em sete ocasiões (2005, 2006, 2007, 2009, 2013, 2014 e 2015). A corte ainda não analisou os exercícios de 2016 a 2019.

SUPERSALÁRIOS

Na iminência de ter seus serviços centrais (abastecimento de água), entregues à Sabesp, a Sama pagou supersalários a funcionários efetivos e comissionados nos dois últimos meses. As remunerações superam os contracheques do superintendente da autarquia, de cerca de R$ 14 mil, e é maior que o subsídio do próprio prefeito, de R$ 18,5 mil.

Em novembro, o salário bruto pago a Wiverson Roney Soares da Silva Santana, assessor de superintendência, foi de R$ 34.828,04. No mesmo mês, o chefe de departamento Alexandre Barbosa recebeu R$ 31.353,72 brutos; e Haroldo Simões Sérgio, chefe de divisão, R$ 23 mil. No mês passado, o salário bruto da servidora de carreira Sonia Maria Alves, assistente administrativo, chegou a R$ 35.521,29.

Por meio de nota, a Sama alegou genericamente que os valores dos salários foram elevados devido “adicionais legais previstos no estatuto do servidor”, como adicional por tempo de serviço, licença prêmio e horas extras. Porém, a Sama não detalhou os direitos recebidos por cada um desses servidores.




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