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PF acusa vereador de Mauá de receber propina em troca de voto

Pastor José seria beneficiário de R$ 15 mil por mês em recursos desviados de obras da revitalização da Gruta Santa Luzia

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
23/12/2018 | 07:09
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Nario Barbosa/DGABC


Relatório da PF (Polícia Federal), no âmbito da Operação Trato Feito, acusa o vereador de Mauá Pastor José (PSDB) de receber propina em troca de votar favoravelmente à criação da taxa do lixo na cidade, que foi proposta pelo prefeito preso Atila Jacomussi (PSB) em dezembro do ano passado e aprovada pelo Legislativo na mesma época. O chefe do Executivo está detido desde o dia 14, suspeito de ser beneficiário de esquema de desvios em vários contratos e de pagar espécie de mensalinho a parlamentares em troca de apoio político na Câmara.

De acordo com as investigações, Pastor José teria sido favorecido por uma mesada mensal no valor de R$ 15 mil por mês. Essa quantia, segundo o relatório, seria desviada dos recursos destinados às obras de revitalização do Parque Ecológico Gruta Santa Luzia, em 2017, cujo montante inclui verbas do governo federal.

A acusação é feita com base em uma das anotações encontradas na residência do ex-secretário João Gaspar (PCdoB, Governo), também preso novamente pela PF há quase duas semanas. Entre as várias anotações constam o nome de 21 dos 23 vereadores, além de um suplente, acompanhados de números – segundo a polícia, seria o valor das mesadas.

Em um dos papéis encontrados há registro de uma anotação, feita à mão, com apenas o nome de Pastor José, acompanhado da palavra “gruta” e das quantias “R$ 109.000” e “R$ 15 mil mensal”. No bilhete também consta a frase “quero do pastor lixo”. Um indicativo, para a PF, que é a revelação de que o governo Atila comprou o apoio do parlamentar na votação que aprovou a taxa do lixo na cidade – Pastor José votou ‘sim’ à medida. “As anotações indicam que do valor da obra seriam repassados 15 mil mensais, antes do dia 20, para o vereador de Mauá Pastor José. ‘Quero do pastor lixo’, pode ser referente à compra do voto do vereador para a aprovação na Câmara dos vereadores de cobrança da taxa do lixo’”, diz trecho da representação da PF entregue à Justiça Federal.

Pastor José está entre os 21 vereadores e um suplente que supostamente receberam mesada do governo Atila em troca de apoio político no Legislativo. A PF calcula que Atila recebia, por mês, aproximadamente R$ 500 mil de um grupo de dez empresas fornecedoras do Paço mauense de vários setores, entre eles de uniforme e material escolares. O socialista, por sua vez, nega as acusações. Ele havia sido preso pela primeira vez em maio, no âmbito da Operação Prato Feito – foi solto por força de liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na quarta-feira, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou liminar do habeas corpus solicitado pela defesa do chefe do Executivo.

Em nome dos parlamentares envolvidos na operação, a Câmara de Mauá negou quaisquer ilicitudes e diz estar à disposição das investigações. A Prefeitura mauaense também refuta as irregularidades apontadas na operação. 




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