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Riacho Grande luta para sobreviver
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/01/2006 | 08:58
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Muitos projetos e poucas ações concretas. O comércio do distrito de Riacho Grande, em São Bernardo, um dos principais pontos turísticos do Grande ABC, está definhando e corre risco de extinção. A cada ano o número de visitantes diminui, segundo os comerciantes locais, que relatam uma situação trágica: em 2005, as vendas caíram em até 40% na comparação com o ano anterior. Por isso, eles clamam por mais ações do poder público para atrair turistas.

A reclamação não é recente. No ano passado, o Diário publicou duas reportagens – uma em abril e outra em setembro – que constataram o comércio agonizante, com quedas sucessivas nas vendas. Desde então, apenas um projeto para melhoria da visitação no local foi implantado: a realização de competições de motonáutica.

Além disso, a Prefeitura de São Bernardo teve participação no desatamento de nós que impediam a construção do trevo do km 29 da via Anchieta, que a Ecovias aprontará até 31 de dezembro – obra vital para desafogar o trânsito local e o que vem da rodovia Índio Tibiriçá (SP–31). Os comerciantes reconhecem esse esforço, mas insistem: são insuficientes para resgatar a economia local.

A subprefeitura do Riacho Grande informa ter diversos planos para incrementar o turismo local, como a construção de banheiros públicos, repovoamento de peixes na represa Billings e a criação de novas linhas de ônibus para o distrito – ações que devem sair do papel ainda neste ano, garantiu o subprefeito Ramos de Oliveira. Pelo menos provas do Campeonato Paulista estão marcadas para este ano.

No cargo há 11 meses, Oliveira credita à queda na renda da população - por conta do alto desemprego e à falta de investimentos do governo federal no empreendedorismo - o agravamento das condições econômicas locais. “Em nível local, os projetos não são implantados da noite para o dia, já que o Riacho Grande está em área de manancial. Todas as ações exigem estudo de viabilidade ambiental.”

  

Sem definições – Na quinta-feira passada, comerciantes e subprefeitura se reuniram para tentar identificar os principais entraves ao desenvolvimento do comércio local. O encontro, no entanto, terminou sem resultados práticos e deverá ser repetido na próxima semana. Uma comissão de comerciantes será formada para elaborar propostas de fomento econômico.

A comerciante Priscila Menegoni, proprietária de duas lojas de artigos de pesca no Riacho Grande – Fisgada e Ponto de Encontro –, diz que a cada mês o movimento só piora. A principal reclamação é a falta de peixes na represa. “O Riacho é muito famoso pela pesca. Se não há peixes, não há visitação.”

Ela diz que, ao contrário do que muitos pensam, não é o clima frio que afasta o turista do Riacho. “Não é só por falta de calor que não recebemos visitantes. Faltam ações para atrair turistas e infra-estrutura para atendê-los bem, como a construção de banheiros públicos”, diz Priscila.

O também comerciante Adair Firmino dos Santos, proprietário da loja de artigos de pesca Tucunaré, reforça a tese de Priscila. “A cada ano piora o movimento, sem peixe não dá.” Segundo ele, seu negócio se mantém devido aos pesqueiros que ainda resistem nas redondezas e às vendas para os clientes que vão para as temporadas de pesca em outros Estados.

A proprietária do restaurante flutuante Nautilus, Alda Maria de Souza Oliveira, afirma que o movimento melhorou no fim do ano passado com a realização de provas de motonáutica, mas que ainda está muito aquém do verificado há alguns anos.

Alda avalia que falta ao Riacho uma associação de comerciantes para brigar pelo desenvolvimento local, embora acredite que a prefeitura possa fazer mais para atrair os turistas. “Parte da culpa também é dos próprios comerciantes. Alguns estão acomodados. É preciso que cada um crie alternativas para se manter. Não basta culpar apenas o poder público.”




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