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Mais sexo na TV
Diogo de Oliveira
Da TV Press
16/03/2006 | 08:27
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Com a discrição possível, um segmento de canais de TV por assinatura vem crescendo ano a ano no Brasil. Com pouquíssima publicidade, mas com uma quantidade cada vez mais volumosa de assinantes, o número de canais com programas adultos simplesmente dobrou de tamanho nos últimos dois anos. Além dos especificamente pornográficos, canais mais generalistas têm aumentado a participação dos conteúdos eróticos em sua grade. Caso do Multishow e do Canal Brasil, ambos da Globosat, que exibem diariamente o Sexytime e o Como Era Gostoso..., respectivamente.

O canal de maior sucesso atualmente no país é o Sexy Hot, que pertence à Globosat e é oferecido como pay-per-view pelas operadoras Sky e Net. A maior parte da programação do canal consiste em exibir filmes pornográficos, mas são os programas realizados pela própria equipe do canal que mais chamam atenção. Caso do programa Zona Quente, criado em 2004 e que hoje tem algumas inserções até mesmo no Multishow. O objetivo foi simples: mostrar ao telespectador lugares que ele sempre desejou conhecer, mas nunca teve coragem de ir. “Você visita o norte e conhecer a vida sexual do povo de lá, depois ir ao Sul e ver que tudo é muito diferente, isso é incrível!”, empolga-se a apresentadora do Zona Quente, Carolyne Ferreira. A Globosat verificou em pesquisa com os assinantes no ano passado que 74% do público do canal preferia não ir a uma videolocadora em busca de filmes do gênero, para evitar a exposição.

Mas o canal que mais inova em relação ao conteúdo no Brasil é o Canal Adulto, distribuído pelos sistemas TVA, DirecTV e Vivax. Foi ele quem idealizou o programa Ao Vivo no Paraíso, colocando o assinante para dirigir as cenas de um casal de atores por telefone, e o Assinante Garanhão, em que um assinante é convidado para participar de uma cena erótica. “Os dois programas foram tão bem aceitos, que nós recebemos dinheiro de patrocinadores e organizadores de feiras temáticas para produzir atrações especiais”, diz José Simon Sanches, diretor de programação e gerente geral do Canal Adulto. Sanches vê o destacado crescimento do segmento porno-erótico como uma doce ilusão. Para ele, a falta de profissionalismo domina os canais de conteúdo adulto hoje no Brasil. De acordo com Sanches, há bem pouco tempo atrás todos os canais exibiam uma média de três filmes por dia e reprisavam tudo, 24h. Foi, portanto, por pura insatisfação que Sanches começou a inventar seus programas.

Uma das mais recentes inovações no mercado é a entrada dos canais estritamente homossexuais. Desde abril de 2005 no ar, duas novas emissoras surgiram no setor: o For Man, na Sky e Net; e o G Channel, na DirecTV e TVA. Ambos exibem somente filmes em seqüência e não possuem nenhum programa temático. Para driblar a carência, o canal For Man montou uma grade de filmes para todos os gostos, com temas que vão da relação sexual entre homens ao bissexualismo e ao sexo com travestis. “Cerca de 33% dos nossos assinantes têm o For Man e o Sexy Hot. Você ter um canal que tem essa variedade de gêneros é um grande diferencial”, afirma Maurício Palleta, gerente dos canais premium e pay-per-view da Globosat.

Mas não é só o sexo explícito que mexe com o imaginário dos assinantes de TVs pagas. Situado em um nicho de mercado que privilegia as fases mais clássicas do cinema brasileiro, o Canal Brasil tem obtido surpreendente retorno do público com a sessão Como Era Gostoso.... Exibidas de segunda a sexta, às 00h30, as chamadas pornochanchadas são a atração do quadro do canal, que foi buscar em antigas produtoras vasto acervo de longas-metragens brasileiros com o perfil erótico. “Os filmes não chegam a ser de conteúdo adulto. Existe uma sensualidade inocente, que exerce um certo fascínio sobre as pessoas”, define Paulo Mendonça, diretor do Canal Brasil.

Abertos ao sexo - As operadoras de TV por assinatura e seus canais apostam sem maiores restrições em uma programação voltada para o público adulto. Já as emissoras de televisão aberta não têm tanta liberdade de movimento. Os canais abertos não produzem nem exibem atrações e filmes de abordagem pornográfica, mesmo no horário permitido por lei. “Tudo é uma questão de medida. Muitas vezes, a sedução está na não-revelação”, teoriza o diretor da Band, Juca Silveira, responsável pela sessão Cine Band Privé.

Em seu terceiro ano de exibição, o Ponto Pê é hoje uma das principais atrações na MTV Brasil. Apresentado pela extrovertida VJ Penélope Nova, o programa foi criado depois de duas experiências com programas que discutiam e interagiam a temática do sexo com o público. “No nosso segmento, o objetivo é tirar dúvidas e curiosidades do telespectador. Não há paralelo com um programa ou canal que tem o sexo como produto”, sustenta Zico Góes, diretor de programação da MTV Brasil.

Aplicada em conquistar a parcela do público mais interessada em erotismo, a Band mantém há muitos anos a sessão Cine Band Privé, que exibe filmes eróticos nas madrugadas dos sábados, às 02h30. Com a média de 3,5 pontos de ibope, a sessão é considerada sucesso de audiência para o horário. “Buscamos filmes de temática adulta de bom gosto, justamente para atender aos diferentes públicos”, explica Juca Silveira.



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