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Suplamania recupera até mesmo o antigo Tokyo
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
25/12/2001 | 18:23
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De nada adiantou Supla ficar chateado com o encarte descuidado que devolveu às prateleiras os dois únicos discos da sua ex-banda, o Tokyo. O álbum, duplo, (Sony Music; R$ 20, em média) tem de tudo para se tornar o novo campeão de vendas, graças à popularidade que o cantor conseguiu ao participar do surpreendente campeão de audiência Casa dos Artistas, do SBT.

O CD tem cara de produto preparado às pressas. Na capa, a reprodução das duas anteriores, lado a lado. E embaixo, a frase-isca: “Trazendo os sucessos de Supla”. Dentro, duas míseras folhas com apenas os créditos da parte técnica e artistas convidados.

Os dois discos em questão são Humanos, de 1985, e O Outro Lado, de 1987, cada um trazendo uma formação diferente do grupo. Para quem foi adolescente nos anos 80 é até engraçado ouvir novamente aqueles sucessos trash da época. Lembrar das esquisitices da punk alemã Nina Hagen, em Garota de Berlim, e da inusitada participação de Cauby Peixoto dividindo os vocais com Supla na faixa Romântica.

Ambas são do primeiro disco, Humanos, assim como a faixa-título, que também ajudou a tirar Supla do ostracismo por ser exibida à exaustão no programa Piores Clipes do Mundo, então apresentado por Marcos Mion, na MTV.

Mas o som produzido pelo Tokyo, ouvido com atenção e senso crítico, é risível. Humanos parece um disco criado por garotos que não tinham nada mais interessante para fazer na vida. É uma misturada de influências que inclui descaradamente o The Police, então contemporâneo e no auge do sucesso. Punks bem distorcidos, esses.

As letras também são de uma ingenuidade inadmissível para qualquer punk que se preze. Vide a faixa Humanos: “Mas eu não sou, nem quero ser igual a quem me diz, que sendo igual eu posso ser feliz”. Nem de longe se vê o tom de protesto social que caracteriza o movimento. Daí, fica fácil concluir porque sempre foram apontados como punks de boutique.

Quem não ouviu Tokyo nos anos 80, mas quer saber o que fez mais sucesso na época, ficam as dicas: Garota de Berlim, Humanos e Mão Direita (de Humanos); e Batman nas Presas da Mulher Gato e Metralhar e Não Morrer (de O Outro Lado).

Depois disso, Supla foi passar uns tempos nos Estados Unidos, deixando o público brasileiro longe de suas atividades. Voltou, fez alguns shows para ajudar a campanha da mãe para o cargo de prefeita de São Paulo e continuou escondido. Então Marcos Mion o trouxe de volta, e o SBT o colocou de vez no pedestal. Agora, tem contrato com a Abril Music, onde certamente lançará novas pérolas no mercado. É isso aí: trash music is not dead!




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